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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Nova agressão ao Clarín
29/03/2011 - O Estado de S.Paulo

O principal diário argentino, Clarín, saiu ontem com a primeira página em branco. Foi como o jornal denunciou a violência sem precedentes de que foi alvo no fim de semana - com a escandalosa cumplicidade do governo da presidente Cristina Kirchner. Piquetes iniciados tarde da noite de sábado e que durariam 12 horas, impediram que a edição dominical do matutino fosse às ruas. Em 65 anos de existência, passando por várias ditaduras, essa foi a primeira vez que o Clarín deixou de circular.

A turba que se concentrou diante da gráfica onde o diário é impresso foi arregimentada pela máfia que controla a CGT, a maior entidade sindical argentina. Os gorilas que formam o estado-maior da central peronista, chefiada pelo notório Hugo Moyano, haviam advertido que sofreria represálias o órgão de imprensa que publicasse denúncias contra ele. A edição bloqueada do Clarín - a de domingo -, distribuída afinal no dia seguinte, continha uma reportagem sobre a abertura de uma investigação judicial a respeito do patrimônio do ex-caminhoneiro, com fotos das luxuosas habitações que o integrariam. Por sinal, o atual presidente do sindicato dos caminhoneiros é um filho de Moyano.

Como é típico dos regimes autoritários em que o poder estatal é conivente com o banditismo dos sindicatos a eles associados, na formalmente democrática Argentina havia pelo menos meia centena de policiais no entorno da gráfica sitiada no sábado. Eles assistiram de braços cruzados à ação vandálica dos manifestantes, que incluíam, despudoradamente, mulheres carregando filhos pequenos. Esse foi o quinto assédio orquestrado contra a mesma editora desde novembro. Em 28 de janeiro, por exemplo, mais de 100 mil exemplares de publicações do Grupo Clarín deixaram de ser distribuídos por imposição do sindicato dos caminhoneiros.


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Naquele mês, o juiz Gastón Polo Olivera concedeu uma medida cautelar obrigando a ministra da Segurança, Nilda Celia Garré, a adotar todas as medidas preventivas necessárias para impedir que manifestações diante da gráfica onde roda o Clarín obstruam a livre circulação de pessoas e bens. A ministra, cinicamente, preferiu descumprir a ordem em vez de recorrer dela. Depois que a horda fez o que quis para barrar a saída do jornal, o advogado da empresa denunciou Nilda Garré à Justiça Federal por violação de deveres de funcionário público (prevaricação), desobediência a decisão judicial e "lesão constitucional" (crime de responsabilidade) - no caso, ao direito à informação assegurado na Carta.

Acrescentando insulto à injúria, o ministro do Interior, Florencio Randazzo, a única autoridade do governo Kirchner a se manifestar sobre a ação fascista do peleguismo argentino, "denunciou" o que seria uma operação destinada a transformar um "protesto sindical" em um atentado à liberdade de imprensa. Em resposta, além de deplorar a passividade do governo, a direção do Clarín expôs a falsidade da versão da CGT, prontamente encampada pelo kirchnerismo, ao afirmar que não existem "conflitos coletivos" em nenhuma das empresas do Grupo. "As oficinas funcionam com absoluta normalidade e imprimiram tanto o diário como as suas revistas e suplementos."

Não há quem ignore que desde o primeiro período dos Kirchner na Casa Rosada, sob a chefia do marido de Cristina, Néstor, falecido no ano passado, o governo investe por todos os meios contra as empresas de mídia que não se dobram à sua vontade. As outras são devidamente recompensadas, entre outras formas, mediante faustosos contratos de publicidade. Ficou famosa a pergunta do presidente quando o mais reputado jornal do país passou a criticá-lo. "Qué te pasa, Clarín?" - em português coloquial o equivalente seria "Qual é a tua, Clarín?"

O editor geral do matutino, Ricardo Kirschbaum, afirma que a primeira página da edição de ontem deixada em branco simboliza "o silêncio forçado, a censura imposta por outros caminhos" e representa uma metáfora "sobre no que poderá se converter o jornalismo na Argentina se seguirem restringindo os espaços de liberdade". "O autoritarismo e a arbitrariedade", assinala, "ganharam outra batalha, afetando os direitos de todos."

  

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