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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Os investimentos em hotéis
13/04/2011 - O Estado de S.Paulo

O ranking mundial de competitividade no setor de turismo, que acaba de ser elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, colocou o Brasil no 52.º lugar entre 139 países. A pontuação do País (4,6, numa escala de 1 a 10) foi praticamente a mesma que obteve em 2009 (4,5). Isso foi recebido por parte da mídia com certa decepção, tendo em vista a realização prevista da Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos em 2016. Esperava-se que esses megaeventos tornassem o Brasil desde já mais competitivo como destino turístico, mas, na avaliação do Fórum, as deficiências de infraestrutura têm grande peso negativo, embora o País figure no primeiro lugar no que tange a recursos naturais e tenha boa classificação (23.º) quanto a recursos culturais. Não é diferente a avaliação da iniciativa privada no que diz respeito a investimentos na rede hoteleira, que podem alcançar R$ 40 bilhões até 2020, segundo levantamento feito pela consultoria Hotelinvest a pedido do Estado.

Hotéis não são construídos para megaeventos esportivos, de duração efêmera, e sim para as cidades, como ressaltou Diogo Canteras, diretor-presidente da consultoria. A motivação central desse volume de investimentos previstos é a expansão da economia brasileira, que atrai mais viagens de negócios, o novo vigor de seu mercado imobiliário, a elevação do poder aquisitivo da classe de renda média, com reflexos no turismo de lazer interno e externo. Segundo ele, a relação mais forte dos investimentos com eventos esportivos é a abertura de uma linha de crédito do BNDES no valor de R$ 1 bilhão, de acordo com o esquema de ações do governo federal em preparação para a Copa.

Essa é apenas uma pequena fração dos investimentos programados por redes hoteleiras nacionais e internacionais, às quais se incorporaram agora os fundos de "private equity", que adquirem participação acionária em empreendimentos para alavancar o seu crescimento, bem como os fundos imobiliários. O setor teve forte expansão em 1999/2003, mas parecia estagnado até 2010, quando a oferta de novos quartos de hotel foi de 7,7 mil/ ano, volume que deve saltar para 36,6 mil/ano em 2020, segundo estimativa da consultoria.


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Como principal polo turístico do País, o Rio apresenta a maior taxa de ocupação hoteleira e novos investimentos virão reforçar a oferta local, com a construção de novos hotéis e a ampliação dos existentes. Mas é a cidade de São Paulo que se destaca na nova onda de investimentos no setor. Desde 2008, não havia um hotel sequer em construção na cidade; agora seis empreendimentos estão programados, de acordo com projetos em exame pela Prefeitura. Em todo o País, são previstos 183 novos empreendimentos até 2020. São Paulo pode oferecer atualmente 41 mil quartos em mais de 400 hotéis, o que é insuficiente para atender à demanda nos dias úteis. Mesmo nos fins de semana, quando são realizados grandes eventos na cidade, há um caos nessa área.

A tendência é de que as grandes metrópoles percam investimentos para cidades de porte médio, como consequência da interiorização do desenvolvimento, que gera mais viagens de negócios. Outra característica a ressaltar é que os investidores estão conscientes da evolução dos níveis de renda no Brasil, com a emergência da chamada classe C. Uma das redes internacionais mais ativas no País pretende colocar em operação 71 novos hotéis até 2013 - 80% dos quais destinados à classe econômica. Tudo isso terá impacto sobre os níveis de emprego. E há falta de mão de obra tanto na construção civil como na área de serviços hoteleiros, elevando-se a procura por treinamento. Com afluxo maior de visitantes estrangeiros, será preciso também habilitar mais pessoas a ter fluência em inglês e espanhol.

Essa evolução concorrerá para a expansão do turismo interno e, se houver uma promoção adequada no exterior, poderá atrair maior número de turistas estrangeiros. Em decorrência, a receita em dólares obtida pode ajudar a abater o déficit do item Viagens Internacionais do balanço de pagamentos, que foi de nada menos de US$ 10,5 bilhões no ano passado.

  

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