capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 08/10/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.805.884 pageviews  

Críticas Construtivas Se todo governante quer, por quê não?!!!

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A névoa sobre Abbottabad
06/05/2011 - O Estado de S.Paulo

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, justificou a sua decisão de proibir a divulgação das imagens do cadáver de Osama bin Laden, consideradas chocantes pelas autoridades americanas que as viram, argumentando que serviriam para insuflar a violência contra o país, sem dissipar - paradoxalmente, é o caso de dizer - os boatos que percorrem o mundo muçulmano segundo os quais a operação contra o líder da Al-Qaeda foi uma farsa, e ele continua vivo em algum lugar.

Na realidade, onde quer que exista, o ódio ao que os Estados Unidos são e representam se nutre de si mesmo e dispensa pretextos novos. E, a julgar pelo que a chamada rua árabe vem demonstrando, é pouco provável que a morte documentada de Bin Laden atraia massas de jovens para a causa assassina que ele encabeçava.

O risco é outro e não se limita à questão das fotos - que cedo ou tarde vazarão, como os paquistaneses já vazaram as fotos de três homens de Bin Laden mortos na invasão do complexo que ocupavam. Quanto mais duradoura for a névoa que encobre a operação levada a cabo na cidade paquistanesa de Abbottabad, mais disseminadas serão as suspeitas de que os Estados Unidos têm motivos inconfessáveis, muito além do que exigiria a sua segurança nacional, para sonegar a verdade sobre a cadeia de eventos que culminaram com a eliminação do seu mais odiado e temido inimigo. Para piorar o clima de perplexidade que parece envolver a opinião pública mesmo em países simpáticos aos EUA, Washington contribui não apenas com o que guarda, mas com o que apresenta.


PUBLICIDADE


Inicialmente, o governo divulgou a versão de que Bin Laden estava armado quando os comandos deram com ele no terceiro andar do casarão invadido. Além disso, informou-se, o homem mais procurado do mundo usou uma de suas mulheres como escudo, o que não impediu que fosse abatido e ela também morresse - o que induziu um jornal londrino a sair com a manchete Covarde até o fim -, e aquele teria sido o desfecho de um prolongado tiroteio. Um dia depois, a história foi desmentida pelas mesmas fontes oficiais. Segundo a nova versão, Osama estava desarmado, não fez ninguém de escudo, mas foi baleado no peito e na face ao resistir. A mulher morta no casarão não era esposa dele: esta levou um tiro na perna.

As fontes não explicaram como Bin Laden, que nunca foi propriamente um Sansão, teria resistido à elite da elite das tropas especiais americanas, a secreta Unidade 6 do Grupo Seal da Marinha; a ideia é de um ridículo atroz. Por fim, como o New York Times revelou ontem, não houve tiroteio de verdade no casarão. O único a disparar contra os atacantes, quando a operação começou, foi o mensageiro de confiança de Bin Laden, Abu Ahmed al-Kuwaiti, fulminado logo em seguida. De acordo com os informantes do jornal, no quarto onde os comandos encontraram o terrorista, havia ao seu alcance uma metralhadora e uma pistola. Ele foi sumariamente executado. O governo americano condecorou o atirador, cujo nome permanecerá em sigilo (assim como os de seus camaradas).

O presidente Obama deveria assumir a verdade: a missão da força em Abbottabad, à revelia do governo paquistanês, era executar Bin Laden. Os Estados Unidos passaram quase 10 anos atrás dele não para prendê-lo e submetê-lo a julgamento pelos atentados que ordenou contra o povo americano no 11 de Setembro (e, antes, contra alvos do país na África e no Iêmen), mas para fazê-lo pagar com a vida por seus ultrajes e eliminar a ameaça latente que ele ainda representava. A hipótese da sua captura seguida da abertura de processo penal - no Paquistão? Nos EUA? Na Corte Internacional de Haia? - é irrealista, por onde quer que se a examine.

Nesta época em que os conflitos já não se dão apenas entre exércitos regulares, mas também entre países e organizações terroristas supranacionais, que não distinguem civis de combatentes armados e para as quais todo lugar é um campo de batalha, Bin Laden era um criminoso de guerra e um alvo militar legítimo. Os Estados Unidos fizeram o que tinham de fazer. Mas agem contra os seus próprios interesses ao não revelar prontamente - por palavras e imagens - como o fizeram.

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques