Mercado de trabalho ignora desaceleração econômica 26/08/2011
- O Estado de S.Paulo
Em contraste com outros indicadores de desaceleração do ritmo da atividade econômica, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE mostrou que o mercado interno continua muito aquecido. Em julho, aumentaram o nível de ocupação e a renda nas seis principais regiões metropolitanas (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre).
A taxa de desocupação de 6% é a menor, para os meses de julho, desde o início da série do IBGE, em março de 2002. Com ajuste sazonal, o porcentual é ainda mais baixo, calculado entre 5,8% e 5,9% por consultorias privadas. O Departamento Econômico do Bradesco considera que os dados de emprego e renda "sustentam a nossa visão de que o mercado de trabalho continua sendo fator de risco para reduzir as pressões inflacionárias domésticas".
O rendimento médio do pessoal ocupado subiu 4% acima da inflação, em relação a julho de 2010, e 2,2%, em relação a junho, atingindo R$ 1.612,90, o maior da série. A massa de rendimento real efetivo em junho (há uma defasagem desse índice em relação ao rendimento médio e ao emprego) aumentou 6% em relação a junho de 2010.
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Entre os setores que mais contrataram, a construção civil gerou 90 mil vagas (+5,5% em relação a julho de 2010) e o de serviços prestados a empresas, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira, 243 mil postos (+7,3%). O declínio de 4,4% nos serviços domésticos reflete a busca de empregos mais bem remunerados e com maiores benefícios, o que depende de qualificação.
Embora a pesquisa do IBGE mostre que o mercado de trabalho não abriu tantas vagas quanto se esperava para esta época, a qualidade dos novos empregos é melhor, com mais garantias para o trabalhador e, sobretudo, com remuneração mais alta. Por enquanto, é um fenômeno mais visível em São Paulo, mas o IBGE prevê que ele se estenderá para outras regiões. "O mercado de trabalho pode não estar avançando significativamente como em algumas previsões, mas cresce de forma sustentável", na avaliação do coordenador da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo.
A tendência é de aumento real da renda de importantes categorias profissionais. As negociações salariais do segundo semestre deverão basear-se em índices superiores à inflação, como foram os acordos firmados no primeiro semestre.
Resta saber como o Banco Central interpretará esses fatos, que serão levados em conta na definição dos novos passos da política monetária.