O ministro descobriu que, para um farsante, sábado costuma ser o mais cruel dos dias 23/10/2011
- Augusto Nunes - Veja Online
“Nunca houve, não há e nunca haverá provas”, repetiu Orlando Silva depois da conversa com Dilma Rousseff. Há, são contundentes e desmontam a discurseira do ministro e do PCdoB, sabem agora Orlando Silva, Dilma Rousseff e todos os leitores de VEJA. “A presidente disse para continuar trabalhando normalmente”, tentou aparentar confiança, para avisar em seguida que vai permanecer no cargo. Não vai, informam os trechos da conversa entre o PM João Dias Ferreira e dois chefões do esquema bandido instalado no ministério sob controle de comunistas loucos por dinheiro.
Divulgados por VEJA, os diálogos escancaram um repulsivo acerto entre quadrilheiros. Orlando Silva atravessou a semana tentando apresentar-se ao país como um inocente massacrado pela imprensa golpista, pela elite preconceituosa e por inimigos do povo em geral. Talvez já tenha aprendido que sábado costuma ser o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório ─ sobretudo para farsantes que acham possível enganar as vítimas da roubalheira. Muitos pagadores de impostos engolem desaforos sem engasgos. Nem todos são idiotas.
Às bandidagens divulgadas por VEJA, somaram-se neste sábado patifarias de bom tamanho descobertas pelo Estadão, pela Folha e pelo Globo. “Não quero ir a reboque da imprensa”, tropeçou de novo a presidente. A imprensa independente não reboca ninguém. Publica fatos. E é inútil brigar com fatos. Por ignorar essa antiga lei das redações, Dilma mantém os olhos fechados à verdade para atender aos interesses do delinquente de estimação e de um partido alugado. Vai descobrir tardiamente que optou pelo abraço do afogado.
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Se soubesse agir com juízo e presteza, Dilma teria afastado Orlando Silva logo depois de confrontada com os fatos. Nessa hipótese, talvez conseguisse prorrogar sem barulhos o arrendamento do Ministério do Esporte ao Partido Comunista do Brasil. O adiamento do velório ampliou de tal forma o estrago que a renovação do contrato com o PCdoB se transformou num desafio afrontoso ao país que presta. Uma semana depois da explosão inaugural, está claro que os cofres do ministério são sangrados sistematicamente por um partido. Sabe-se que o prontuário do chefe não é menor que os que comprometem seus principais assessores. Todos estão afundados na areia movediça que também vai engolindo o companheiro Agnelo Queiroz, antecessor de Orlando Silva e governador do Distrito Federal. Todos devem ser despejados.
Em 1975, diante de teimosas cobranças do deputado Ulisses Guimarães, líder da oposição, o presidente Ernesto Geisel irritou-se: “Não ajo sob pressão”, avisou. “Eu só ajo sob pressão”, ensinou-lhe Ulisses no mesmo dia. Alguém precisa sugerir a Dilma que seja menos Geisel e mais Ulisses quando pressionada pelos fatos: deve agir sem demora ─ e agir acertadamente. Graças a Lula e à miopia de milhões de eleitores, o Brasil é presidido por alguém que não tem ideia do que é governar um país. É demais querer que se comporte como estadista. Mas não é muito exigir que enxergue a diferença entre a verdade e a mentira.
Durante oito anos, Lula dirigiu e protagonizou uma caricatura de faroeste em que o xerife debocha dos honestos e protege os bandidos. Com Dilma Rousseff nesse papel, o filme de segunda categoria virou chanchada de quinta. Chegou a hora do final infeliz para os fora-da-lei.