Aceleração do crédito com juros menores e o câmbio 27/10/2011
- O Estado de S.Paulo
As operações de crédito do sistema financeiro cresceram 2,1% em setembro, ante 1,7%, no mês anterior. Nos nove primeiros meses do ano o crescimento foi de 13,1%. Se esse ritmo prosseguir, o objetivo do Banco Central, de limitar a 15% o crescimento do crédito no ano, para conter a inflação, será largamente ultrapassado.
Três fatores contribuíram para o aumento em setembro: 1) é um mês em que, sazonalmente, a demanda de crédito das empresas sempre aumenta para financiar os estoques de mercadorias em razão da demanda do período natalino; 2) a redução da taxa de juros decidida pelo Comitê de Política Monetária ampliou a demanda; e 3) a desvalorização do real teve um efeito contábil sobre o estoque de créditos vinculados a operações em moeda estrangeira.
Quando se examinam as estatísticas de crédito, verifica-se que, enquanto o estoque do crédito em setembro, para as pessoas físicas, cresceu 1,4%, o relativo às pessoas jurídicas aumentou 2,7%. De fato, são as empresas que realizam operações com instituições bancárias que recorrem ao crédito externo. Pode-se perceber que as operações de financiamento de exportações (ACC) cresceram 5,4%; os financiamentos para a importação, 10,8%; e 4,8% os empréstimos do BNDES, que depende muito da tomada de recursos externos.
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A redução da taxa Selic se traduziu por uma redução da taxa de juros do mercado, que passou de 30,9% para 30%, para as empresas, e de 46,2% para 45,7% ao ano, para as famílias, embora os prazos recuassem um pouco.
As concessões acumuladas no mês, que melhor refletem a reação das instituições financeiras, diminuíram 5,6%, no caso das pessoas jurídicas – aumentando em 9,2% apenas nos financiamentos das exportações (ACC). No caso das pessoas físicas, houve também um recuo de 5,6% em todas as operações, mas que foi particularmente sensível no financiamento imobiliário (recuo de 47,6%).
É provável que, com uma segunda redução da taxa Selic aprovada pelas autoridades monetárias, o efeito "redução dos juros" seja maior para as empresas quando da contratação de crédito, enquanto as famílias estarão numa fase de reunir recursos para as festas natalinas.
Os dissídios das grandes categorias de trabalhadores ocorreram em outubro, e o 13.º salário será distribuído em novembro. Provavelmente, as famílias só irão aumentar a sua demanda de crédito no penúltimo mês do ano, mas as empresas já estão no mercado de crédito, que equivalia a 8,4% do PIB no mês passado.