A conjuntura não justifica artifícios pró-consumo 17/01/2012
- O Estado de S.Paulo
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do mês de novembro de 2011 apresentou, em termos dessazonalizados, alta de 1,15%. É um indicador com que o Banco Central procura, a cada mês, dar uma ideia de como se apresentará o Produto Interno Bruto (PIB).
Desde abril de 2011 o índice vinha mostrando nítida tendência de queda. Assim, a retomada de novembro tem grande importância, pois melhora a estimativa para o PIB de 2011, uma vez que em dezembro a atividade sempre reage bem. Como em economia o passado sempre afeta o futuro, o resultado de outubro, de estagnação, induzia a uma visão pessimista para o final do ano, modificada pela reação de novembro.
A informação, divulgada poucos dias antes de nova reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), não deve modificar a decisão das autoridades monetárias de uma nova redução da taxa de juros básica, já prevista. Porém ela pode moderar o calibre da redução.
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O governo, no entanto, estará diante de um dilema: optar por uma política mais agressiva, que poderia incluir maior expansão de crédito; ou dar maior atenção à política fiscal, aceitando ou não a ideia de um superávit primário cheio ou de deduzir os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para não sacrificar demais os investimentos.
É uma dúvida, entre autoridades do governo, que nos parece mal colocada: não se trata de cortar investimentos, que são a condição necessária para assegurar o crescimento sustentável e, ao mesmo tempo, reduzir a inflação. Mas existe a possibilidade de, mesmo investindo, reduzir o déficit. Além de diminuir despesas de custeio, a política de investimentos na infraestrutura teria de ser conduzida de maneira mais racional, encurtando os prazos de realização desses investimentos e respeitando os cronogramas, para não deixar obras paradas - isto é, aumentando a produtividade dos recursos com uma gestão responsável.
Nesse terreno o governo tem muito para aprender, como também deveria recorrer mais a projetos em parceria com o setor privado (PPPs). O governo não deve é ter a obsessão de promover artificialmente o consumo das famílias para elevar a demanda: o aumento da renda familiar com os salários e a manutenção de um quase pleno emprego são condições suficientes para assegurar a robustez da demanda.
Hoje, o que o País precisa é de uma indústria mais ativa e que disponha de uma infraestrutura que reduza seus custos.