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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

O comunicado do Copom mostrou-se muito otimista
20/01/2012 - O Estado de S.Paulo

Em agosto do ano passado, na sua 161.ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o processo de redução da taxa Selic. O comunicado anunciando a decisão era relativamente longo, ao contrário dos de outras reuniões, e justificava a redução da taxa de juros básica pela deterioração da economia mundial.

Anteontem, pela quarta vez, o Copom voltou a reduzir a Selic, como se previa, para 10,5% ao ano, com um comunicado que em quatro linhas repete a mesma frase - em agosto o longo comunicado justificava a decisão, mas incluía a frase que mostra, claramente, que a decisão tinha o mesmo fundamento das reuniões anteriores.

A frase referia-se ao fato de que o "ambiente global mais restritivo" permite a redução moderada da taxa Selic num "cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".


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Quando se divulgou o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011, que chegou ao limite superior da meta (6,5%), o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, mostrou total satisfação, parecendo esquecer-se de que a verdadeira meta era de 4,5%. Os quatro últimos comunicados parecem pecar pela mesma razão, dando a impressão de que o limite superior fixado pelo Conselho Monetário Nacional é considerado satisfatório.

Pode-se entender que o Copom leve sempre em conta, nas suas decisões, a situação da economia mundial, porém não que mostre satisfação com um nível de inflação ainda muito elevado, sob o pretexto de que saímos, anos atrás, de um período de hiperinflação.

O Copom, ao se mostrar tranquilo com a inflação de 2011 - e que, com toda certeza, não ficará na meta de 4,5% em 2012 -, parece menosprezar os fatores que podem levar a uma retomada da inflação. Esta, até agora, dependeu de uma taxa cambial supervalorizada, fruto essencialmente da alta do preço das commodities e da demanda asiática. Qualquer modificação desse quadro pode se traduzir por uma desvalorização da moeda nacional com efeitos inflacionários, dado o volume das necessidades de produtos importados.

O comitê deu também um voto de confiança ao governo na condução de uma política fiscal cujo resultado, no ano passado, só foi atingido graças a cortes de investimentos públicos que teriam reduzido o "custo Brasil".

Os efeitos devastadores do reajuste do salário mínimo sobre as despesas de custeio do setor público não são considerados. Achamos, portanto, que, diante deste quadro, o Copom não deveria ser tão confiante com relação ao futuro.

  

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