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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Na atual incerteza, é melhor não tocar no câmbio
21/01/2012 - O Estado de S.Paulo

Com a retomada da valorização da moeda nacional, em relação ao dólar, o governo brasileiro voltou a dar atenção à taxa de câmbio. Essa é uma questão que ganha nova atualidade em razão do quadro que se vai delineando no mercado internacional.

As autoridades brasileiras detectaram três fatores que estariam agindo para fortalecer a moeda nacional: 1) a entrada de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores; 2) os ingressos das exportações - sendo que os exportadores são autorizados a não internar imediatamente suas receitas em moeda estrangeira; e 3) as operações especulativas de investidores internacionais. Sem falar, é claro, dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs).

As entradas de capitais estrangeiros para compra de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), neste início de ano, somaram até agora US$ 2,7 bilhões. E, deduzindo-se o movimento inverso (vendas de ações), deixaram um saldo de US$ 400 milhões.


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Apesar de esse saldo ser muito pouco significativo, não se pode deixar de apontar que foram essencialmente as compras estrangeiras que permitiram uma valorização de 9% do mercado da Bolsa no período, isto é, que criaram um clima favorável para que as empresas nacionais pensassem em novas emissões de ações, o modo mais barato para captar recursos. Não se deve, portanto, recorrer a medidas que inibam as compras de ações por investidores estrangeiros.

A autorização dada aos exportadores de, por um pequeno prazo, não converter suas receitas de exportação teve por finalidade compensar a valorização excessiva da moeda nacional, dando-lhes a oportunidade de aguardar uma taxa interessante.

Além do fato de que o mercado internacional não oferece, atualmente, segurança suficiente para que se emprestem receitas de exportação, é necessário levar em conta as dificuldades encontradas pelos exportadores para obter adiantamentos sobre as suas receitas. Desta forma, também não se deve modificar as regras atuais.

As operações de carry trade, em que o investidor estrangeiro capta recursos baratos no seu país para aplicá-los aqui, com remuneração pela taxa Selic, já estão com uma tributação elevada. Caberia modificar a remuneração dos títulos públicos, que se encontra num nível muito elevado.

Os Investimentos Estrangeiros Diretos, que somaram mais de US$ 60 bilhões no ano passado, não devem ser tocados, especialmente num ano em que o déficit das transações correntes será maior do que as entradas de capital.

No máximo se deve verificar se os financiamentos que os acompanham são, de fato, aplicados no projeto. O melhor é nada fazer agora, e esperar para ver como evolui a situação cambial.

  

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