Quase música 18/02/2012
- NELSON MOTTA - O Estado de S.Paulo
Steve Jobs criou o iPod e revolucionou nossos hábitos de ouvir música, mas em casa só ouvia discos de vinil, contou seu amigo Neil Young, lenda viva do rock. Eles não se contentavam só com música e letra, canto e instrumentos - queriam que tudo isso soasse nos ouvidos com a potência, os timbres e a integridade da sua massa sonora original.
Como Tim Maia, queriam mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo! Porque nos fabulosos iPods, iPhones e iPads de Jobs o som que se ouve está comprimido em MP3 com apenas cerca de 10% dos sons que foram gravados. Para ouvi-lo mais próximo da gravação original, só em formatos como o wav, que contém muito mais dados, em arquivos muito mais pesados. Ou em vinil.
Mais do que uma discussão idiótica de audiófilos, de loucos por som, é um debate sobre pirataria, troca de arquivos, livre circulação de músicas na internet. Como a grande maioria dos consumidores de música se contenta em ouvir uma versão "popular" em MP3, isto também sugere novas ideias sobre o assunto. Neil Young (des)considera esses MP3 vagabundos que rolam na rede e nas bancas piratas como um novo rádio da era digital, uma difusão incontrolável, quase música; quem gosta de música de verdade compra um CD de boa qualidade sonora ou paga um download pesado de alta definição. Ou um vinil.
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Mas como nada se compara ao impacto e sensação de ver e ouvir música ao vivo, de perto, em ambientes com boa acústica, a consequência direta da difusão maciça de (quase) música digital é uma espetacular valorização dos shows ao vivo, por ser uma experiência sensorial única e irrepetível, como o teatro.
No tempo do cassete, copiar músicas para um amigo era visto pelas gravadoras como divulgação de seus discos, por que agora fazê-lo por e-mail, ou num site de trocas, seria um crime? A irracionalidade e a ganância são atropeladas pela realidade tecnológica, o caminho sem volta faz uma curva ascendente. Nos Estados Unidos, pela primeira vez o volume de downloads pagos superou as perdas com a comercialização de CDs, o futuro finalmente chegou para a nova indústria da música gravada.
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Comentário de Joao (silv768@hotmail.com) Em 18/02/2012, 08h58
Divulguem
Gente, coloquem essa materia em destaque. A geracao que nasceu de 15 anos para cá foi "deseducada" a ouvir musica. Niunguem quase ouviu um orquestra ao vivo, para perceber como soam os instrumento de verdade. A grande maioria nao tem dinheiro para ir a shows de boa musica e, portanto, sem chance de entender um bom som. O MP3 foi muito util numa epoca em que a internet era lenta, e so com MP3 ( comprimidio,sem qualidade ) dava para compartilhar musicas. Mas hoje, com a banda larga, podemos baixar musicas em formato .Wav ou .Aiff, ou um CD, SACD, de alta qualidade e ajudar a educar a galerinha nova, a ser exigente com a qualidade de audio. Tem muito lixo por ai sendo ingerido como "musica boa". Por experiencia, chega ao ponto de eu tocar, para uma pessoa nova, um adolescente, uma mesma musica em CD e depois em MP3 e ela simplesmente nao notar a diferenca. O ouvido é ruim ? De jeito nenhum. É o mesmo que o meu, apenas nao foi "treinado", "educado" a perceber melhor os sons. Coloquem essa materia em destaque, a cultura e a educacao dos jovens agrade. Valeu.