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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Agora é urgente definir o reajuste dos combustíveis
28/02/2012 - O Estado de S.Paulo

Depois das juras de fidelidade à presidente Dilma Rousseff, não há por que duvidar que a nova presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, tenha insistido na necessidade de um reajuste dos derivados de petróleo sem combinar essa declaração com a presidente. A entrevista dada ao jornal "O Estado de S.Paulo" parece indicar que ela já tem sinal verde para aumentar aqueles preços. Esse reajuste é essencial para que as subvenções disfarçadas não levem a uma taxa de inflação artificialmente obtida.

Depois da entrevista, parece-nos urgente definir o mais cedo possível o nível e a data do reajuste - levando em conta que um aumento dos preços dos derivados de petróleo tem impacto muito grande sobre os demais preços -, e impõe-se a preocupação de não deixar que os agentes econômicos fixem os preços dos seus bens a partir do que imaginam que será o reajuste dos derivados. Essa especulação sobre o futuro preço dos combustíveis é muito ruim, donde o risco de que se antecipem reajustes acima do definido.

A tentação poderia ser de calcular os reajustes na base da variação que sofreu o preço do petróleo no mercado internacional desde o último reajuste no plano nacional. Disso adviria um duplo erro. O primeiro, o de não levar em conta fatores políticos vinculados a esse aumento. E o segundo, o de não levar em conta que é permitido fazer um mix de preço com a produção nacional, incluindo o custo de produção interna do óleo (não o seu preço na exportação). Este, mesmo elevado, é inferior ao do petróleo importado, que não tem que ver com o seu custo de produção.


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As atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) nos habituaram à ideia de que a decisão das autoridades monetárias se baseava na hipótese de estabilidade dos preços dos combustíveis. Na próxima ata, porém, deverá haver uma revisão disso.

Não podemos desprezar a incidência do aumento dos derivados do petróleo no custo de vida; nos transportes públicos; nos custos de fabricação de produtos que dependem de combustíveis; na elevação do preço da gasolina, que certamente afastará poucas pessoas do uso do carro individual; no custo da energia produzida nas termoelétricas que funcionam com derivados de petróleo; e nos produtos químicos, adubos, etc. Espera-se que, em nome do equilíbrio de custos das diversas fontes de energia, mantenha-se o preço do gás natural. Mas o gás de botijão será afetado.

O anúncio rápido da decisão evitará uma especulação, cujo efeito maléfico seria duradouro, e permitirá às autoridades monetárias adotar as medidas necessárias.

  

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