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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Investimentos públicos prioritários só em 2013
07/07/2012 - O Estado de S.Paulo

A presidente Dilma Rousseff anunciou que dará prioridade aos investimentos, mas só no próximo ano.

Pode-se considerar que já é um progresso essa escolha de política econômica. Todavia, é bom que o governo se prepare desde já para essa nova política a fim de nos convencer de que essa é a sua prioridade.

Existe a tendência de separar investimento de consumo, no entanto, são coisas intimamente vinculadas. Com as famílias altamente endividadas, não se pode esperar que a demanda doméstica seja o motor da economia. É preciso encontrar uma fonte de demanda fora das famílias. Ora, os investimentos públicos podem preencher esse papel até melhor do que a chamada demanda familiar. Com efeito, a característica dos investimentos que exigem tempo para chegar à sua fase funcional é distribuir renda e necessitar de bens antes que o seu funcionamento permita aumentar a oferta, seja de bens ou de serviços de infraestrutura.


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O único risco é de que, numa economia de pleno emprego da capacidade de produção, isso se traduza por pressões inflacionárias, o que não é o caso do Brasil neste momento, pois há muita capacidade de produção ociosa. Então, não há dúvida de que uma dinamização dos investimentos se traduzirá por um impulso ao consumo. O grande problema é ter de esperar o ano que vem para a implementação desses investimentos. A presidente da República parece convencida de que não cabe ao Estado assumir sozinho a realização desses investimentos, e falou em concessões, em que o setor privado assume a administração dos projetos e seus financiamentos. No quadro de uma burocracia complexa como a nossa, não basta apresentar um projeto, mas fazê-lo passar por vários organismos para que consiga aprovação.

Assim, se realmente o governo quer que se acredite nessa nova orientação, tem de iniciar já a preparação dos projetos que só no ano que vem entrarão numa fase ativa. Deveria começar por estabelecer uma lista de prioridades, escolher os projetos cuja realização possa ser confiada ao setor privado, calcular de modo mais realista o custo de cada um e sondar o mercado financeiro - nacional ou estrangeiro - que possa oferecer os financiamento para os diversos empreendimentos.

Sem a realização dessas etapas preliminares entraremos no próximo ano sem uma carteira de projetos definida e podemos ter certeza de que terminaremos 2013 sem nada para comemorar ou inaugurar.

  

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