capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 23/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.919.896 pageviews  

O Outro Lado Porque tudo tem dois, menos a esfera.

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Cavalo de batalha
12/08/2012 - O Estado de S.Paulo

Duas vezes, com um dia de intervalo, o presidente paraguaio, Federico Franco, levantou essa semana a questão da venda do excedente de energia gerada por Itaipu ao Brasil e à Argentina, dando margem a que se fizesse, principalmente do lado de lá da fronteira, um cavalo de batalha em torno do assunto.

Na terça-feira, Franco disse que enviará ao Congresso um projeto que proíba o governo a ser eleito em abril do ano que vem de "ceder" eletricidade aos vizinhos. O principal jornal de Assunção, ABC Color, saudou a fala em clima de exaltação patriótica, com referências ao "Império do Brasil".

Na quinta-feira, mesmo depois de o diretor-geral paraguaio da binacional, Franklin Boccia, dizer que o presidente foi "mal interpretado" e que Itaipu está "blindada contra questões políticas", Franco voltou à carga.


PUBLICIDADE


Numa reunião com empresários, afirmou que "Buenos Aires e Brasília devem entender que terminou a época em que o presidente paraguaio recebia benefícios e lhes outorgava o usufruto de nossa energia (...) Hoje, se dá de presente energia paraguaia ao Brasil e à Argentina". Não é bem assim, para dizer o mínimo. Pelo tratado brasileiro-paraguaio de 1973 que possibilitou a construção da mais produtiva hidrelétrica do mundo, cada país tem direito à metade da energia gerada. Dado que o Paraguai consumia e ainda consome uma fração da ordem de 5% desse volume, estipulou-se que o Brasil teria preferência para ficar com o restante até 2023, a preço de custo. Em 2009, depois de uma barragem de pressões desencadeadas pelo então presidente paraguaio Fernando Lugo, o seu colega brasileiro Lula concordou em triplicar o valor pago pela energia recebida.

Os paraguaios se queixam de que, apesar do aumento, o que o Brasil lhes paga pelo megawatt/hora (MW/h) excedente - US$ 8,4 - representa pouco mais de 1/10 do seu valor de mercado, aferido em leilões, da ordem de US$ 60. Omitem, naturalmente, que o Paraguai não gastou um único centavo para erguer a hidrelétrica, a qual, desde a inauguração, em 1984, já produziu 2 bilhões de MW/h e rendeu ao vizinho pelo menos US$ 5 bilhões em dividendos. Daqui a 11 anos, quando Itaipu estiver totalmente paga, o Paraguai incorporará um patrimônio líquido de US$ 30 bilhões, a metade do total. Desde 2010, o Brasil arca ainda com o grosso do financiamento de US$ 400 milhões para a linha de transmissão que irá de Itaipu a Villa Heyes, nas cercanias de Assunção. É de dinheiro que trata, mas não só, a suposta ameaça de Franco.

Numa entrevista à Folha de S.Paulo, o chanceler paraguaio José Felix Estigarribia admitiu que o país pleiteia um novo aumento no preço da energia adquirida pelo Brasil, a ser negociado no Conselho de Itaipu. Informou, a propósito, que o Brasil pediu duas vezes o adiamento da reunião que trataria da matéria. Segundo ele, as declarações de Franco expressam o interesse do governo em estimular o desenvolvimento industrial do Paraguai, usando mais energia limpa de Itaipu, em lugar de combustíveis fósseis. A explicação é plausível, mas não exclui nem a questão do preço que os vizinhos consideram defasado, como é de seu direito, nem tampouco a atual temporada de crispação política nas relações entre Brasília e Assunção.

Em junho, quando o Congresso paraguaio destituiu Lugo, a presidente Dilma Rousseff qualificou a decisão de "ruptura da ordem democrática", chamou de volta o embaixador brasileiro - que ainda não reassumiu - e, de comum acordo com os seus pares da Argentina e Uruguai, promoveu a suspensão do Paraguai do Mercosul a fim de incluir ilegalmente na entidade a Venezuela de Hugo Chávez. Nesse quadro, as palavras de Franco seriam uma reação às críticas internas de falta de firmeza diante da conduta brasileira. Ele não tem outra carta na manga. De todo modo, Franco não transmitiu formalmente a sua apregoada intenção ao sócio em Itaipu - pelo que o Itamaraty se limitou a "tomar nota" de suas declarações. De seu lado, o presidente brasileiro da binacional, Jorge Samek, reduziu o episódio a uma "confusão".

Em Brasília, imitando com sinal trocado o ABC Color de Assunção, só o senador Fernando Collor fez muito barulho por muito pouco.

  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques