O pior Palmeiras 09/11/2012
- Eduardo Maluf - O Estado de S.Paulo
Campeonato Brasileiro de 2002, véspera de Palmeiras x Paysandu no Palestra Itália. Pergunto a Levir Culpi, então técnico palmeirense, de que forma esperava que o adversário atuasse em São Paulo. Ele dá um sorriso amarelo e responde de imediato: "Para ser sincero, espero que eles não apareçam e nós conquistemos os 3 pontos por WO."
Naquela temporada, o Palmeiras foi rebaixado para a Série B, talvez o pior momento de sua rica história. Sofria para vencer, sempre no sufoco, e perdia a maioria das partidas. O elenco não era tão ruim no papel, mas na prática nunca se entrosou. Fracassou de forma inquestionável e mereceu cair para a Segunda Divisão.
Nem o mais pessimista palmeirense, creio, imaginaria ver de novo algo tão feio quanto a campanha do início da década passada. Dez anos depois, o Alviverde "consegue" fazer papel ainda pior. Em 2002, entre 26 participantes, o Palmeiras terminou em 24.º lugar, com 27 pontos em 25 jogos, aproveitamento de 36%. Na ocasião, uma desculpa utilizada pela diretoria era a de que a disputa fora realizada em apenas um turno, o que de fato reduzia a possibilidade de reação.
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Voltemos a 2012. Entre 20 times, o Palmeiras ocupa a 18.ª posição, com 33 pontos em 34 partidas, desempenho de 32%, saldo negativo de 11 gols, somente nove vitórias e 19 derrotas - com a confirmação, ontem, no STJD, do revés contra o Inter.
Pode-se dizer que o grupo de atletas de 2002, com Marcos, Arce, Dodô, Zinho, não se encaixou. Alguns estavam em fim de carreira, outros machucados, mas a equipe não era ruim a ponto de ter sido uma das piores da competição. Hoje o cenário é diferente. O atual time é pobre demais para o tamanho do clube. Só dois nomes se salvam: Barcos e o veterano Marcos Assunção.
A diretoria apequenou o Palmeiras. Com uma ou outra exceção, o Alviverde tem sido coadjuvante em quase todos os campeonatos. Lembremos o Brasileirão do ano passado. O time terminou na 11.ª colocação, após reação no fim, mas chegou a ficar ameaçado pelo descenso. Os investimentos feitos nos últimos tempos são de clube médio, não grande.
Apostar em Valdivia, depois do fracasso de 2011, foi enorme erro. A diretoria e os empresários têm de assumir o prejuízo e negociá-lo a qualquer preço. Caso contrário, o jogador encerrará a carreira no Palestra Itália e o clube vai amargar dano financeiro ainda maior. Obina é esforçado. Só. O que esperavam ao trazê-lo de volta? Luan, Márcio Araújo, Maurício Ramos, Leandro Amaro, entre vários outros, não têm futebol para vestir a gloriosa camisa verde e branca.
A tendência para 2013, se confirmado o rebaixamento, é a formação de uma equipe mediana (mais uma vez), que possa voltar à Série A e se aventurar na Libertadores sem maiores aspirações. Os cofres do Palestra Itália, abalados por sucessivos equívocos, não permitem planejamento ousado. E o palmeirense deve se preparar para mais uma temporada de reconstrução e pouco brilho.