Ver o chefe do mensalão atrás das grades não tem preço 12/11/2012
- Ricardo Setti - Veja Online
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto, foi quem fulminou em declaração histórica em que constituiu, em resumo, o mensalão: uma tentativa de golpe contra as instituições — um poder do Estado, o Executivo, tentando se apropriar de outro, o Legislativo, mediante a corrupção de integrantes seus. E, como se não bastasse, com dinheiro público.
Assim sendo, não há como não comemorar, em nome da democracia e do Estado de Direito, o que o Supremo decidiu, soberanamente, hoje: condenar a uma cadeia dura o ex-chefe da Casa Civil, ex-todo-poderoso cacique do PT e virtual Delfim do lulalato, José Dirceu, como o chefe da quadrilha do mensalão, tal como o definiu o procurador-geral da República na denúncia oferecida ao tribunal em 2006, aceita em 2007 e cujo julgamento, agora, se aproxima do final.
Um esquema que sangrou os cofres públicos em pelo menos 153 milhões de reais, e pelo qual Dirceu recebeu pena de 10 anos e 10 meses de prisão como chefe de uma quadrilha formada por políticos, empresários e banqueiros e por ter coordenado, no início do primeiro lulalato, a corrupção de parlamentares do PTB, do PP, do PL (atual PR) e do PMDB.
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Como informa o site de VEJA, “ao sacramentar a pena do ex-todo-poderoso ministro do governo Lula, Barbosa foi claro: o petista ‘colocou em risco o próprio regime democrático’. A pena imposta a Dirceu exige que ele inicie o pagamento de sua dívida à sociedade necessariamente atrás das grades.”
E continua o texto:
“Na sessão plenária desta segunda-feira no Supremo Tribunal Federal, ao descrever as atuações de bastidores de José Dirceu – suas ações criminosas foram documentadas nos autos –, o relator disse que os fatos ilícitos do ex-chefe da Casa Civil incluíam ‘conversas reservadas e clandestinas’ em um estratagema que deixou ‘diminuídos e enxovalhados pilares importantíssimos da nossa institucionalidade’.”
Tal como Ayres Britto, Barbosa considerou a bandalheira toda como uma ameaça gravíssima às instituições democráticas.
Depois de tanto esperneio, depois de tanta negativa, depois de tantas acusações irrersponsáveis e mentirosas sobre o “golpismo” de quem queria só ver justiça sendo feita e os culpados punidos, depois do fajutíssimo “pedido de desculpas” de Lula, depois de suas sucessivas bravatas de que iria “desmontar” a “farsa do mensalão”, depois de ironias e ameaças de petistas ilustraes, depois da arrogância do estalinista presidente do PT, Rui Falcão, sobre o Supremo fazer parte de uma “elite suja e reacionária” — ver Dirceu atrás das grades não tem preço.