Vento todo a favor 11/12/2012
- Luiz Zanin - O Estado de S.Paulo
Nem nós e nem ninguém sabe se o Corinthians vai se tornar campeão mundial. O que até a estátua de São Jorge sabe é que o vento está soprando a favor do Timão.
Em condições normais de temperatura e pressão não deverá ter trabalho em se desvencilhar do primeiro adversário, o egípcio Al Ahly.
Em tese, será mais fácil do que o trabalho do Chelsea contra o mexicano Monterrey. Os dois - Corinthians e Chelsea - deverão estar na final, domingo, se é que resta alguma lógica ao futebol. Então será a hora da verdade.
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Vamos pensar: em alguma outra fase da sua existência o Corinthians já esteve mais preparado do que agora para enfrentar desafios desse tipo?
Talvez o time da Democracia Corintiana, com Sócrates, Casagrande, Vladimir & Cia fosse mais brilhante. Talvez, não. Era mesmo muito mais brilhante.
Pode ser que o Corinthians de Carlos Alberto Parreira, com Vampeta, Kléber, Gil, Ricardinho etc fosse temível, com seu toque de bola, jogo chato e eficaz.
Mas, agora, com esse padrão consistente do Tite, é possível que o time tenha chegado ao ápice de sua história. Pelo menos sua história recente, ao alcance da memória deste cronista.
Os adversários dirão que o Corinthians atual não empolga. Certo: não empolga os rivais, torcedores de outros times que agora estão morrendo de dor de cotovelo dos corintianos.
Por certo empolga a Fiel, que nunca havia comemorado uma Taça Libertadores da América, o mais belo (e para mim o mais difícil) dos títulos.
Por que não pode agora chegar ao título mundial, derrotando o combalido mas ainda temível Chelsea? Acho que reúne todas as condições de vencer.
O título mundial (se primeiro ou segundo, isso aqui não importa) coroaria essa ótima fase corintiana.
Fruto de uma impressionante recuperação, após o descenso, com a volta imediata à Primeira Divisão e uma aparente renovação de gestão do seu futebol.
Deus sabe que tenho horror a essa história de "gestão empresarial". Acho válida (e ainda assim, com restrições) quando aplicada... a empresas.
Acontece que clube de futebol não é uma empresa. Não nasceu para dar lucro a acionista. Nasceu para fundar uma comunidade, congregar torcedores em torno de um time, provocar emoções e sentido de pertencimento ao seu grupo. Precisa de bom futebol e títulos. É para isso que existe.
De qualquer forma, a gestão do Corinthians modernizou-se. Tornou-se mais eficaz e ousada.
Ele, que era gerido com o mesmo amadorismo do Palmeiras e de outros clubes, afirmou-se com uma série de tacadas certeiras.
A volta à Primeira Divisão, a chegada de Ronaldo, a manutenção de Tite após o tsunami Tolima, o estádio em Itaquera.
E, por fim, esse time montado sem nomes estelares, mas com muito bons jogadores que interagem de maneira coesa.
E um técnico que, por ser professoral pode ser muito tedioso para nós, mas sabe montar um time, tem ideia clara do jogo e parece manter domínio completo sobre o elenco.
Pela grandeza de sua torcida, o Corinthians era um gigante potencial, como o Flamengo.
Com sua força própria, agora bem direcionada, e os aliados poderosos de que dispõe, está prestes a se tornar uma potência de fato.