Promessa fracassada 28/12/2012
- Eduardo Maluf - O Estado de S.Paulo
Alexandre Pato surgiu como um foguete em 2006 no Inter, com gols, jogadas de efeito e, acima de tudo, o rótulo de craque. Assim como despontou ferozmente, caiu com a mesma intensidade e rapidez.
Aos 23 anos, ainda muito jovem, porém mais maduro, o atacante, em vez de ser coroado como um dos melhores do mundo ou ver seu futebol valorizado no Milan, só vira manchete de jornais esportivos pelo desejo de deixar a Itália para voltar ao Brasil, rota feita normalmente por aqueles que estão em fim de carreira ou em decadência.
É difícil admitir, principalmente para quem apostava cegamente no talento desse atleta, mas as temporadas vão se passando e, cada vez mais, fica a certeza de que Pato se tornou um bom jogador, não aquele atacante classificado como genial por tanta gente cinco ou seis anos atrás.
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Lembro-me dos comentários empolgados de Abel Braga, seu técnico no Inter, depois da ótima estreia no profissional, contra o Palmeiras, e da conquista do Mundial de Clubes, naquele fim de 2006, quando tinha apenas 17 anos. Abel descreveu Pato como "fora de série" e assegurou que, em pouco tempo, seria um dos melhores do mundo. Não foi o único. Vários outros treinadores, dirigentes, comentaristas e torcedores pensavam igual.
A análise certamente foi precipitada. Pato era apenas um menino, havia jogado pouquíssimas vezes. Poderia, claro, ter se transformado num fenômeno, mas o risco de frustrar a expectativa também era grande. Quantos atletas brilharam nas categorias de base ou iniciaram a carreira como candidatos a craque e depois não prosperaram?
As primeiras críticas mais duras a Pato no Brasil surgiram só em 2011, durante a Copa América. O atacante foi mal na fracassada campanha da seleção - como todo o time, é verdade. A decepção em relação ao artilheiro foi enorme. O brasileiro esperava ver em campo aquele Pato que na realidade nunca existiu. No Milan, em seis anos, alternou mais momentos baixos que altos, sofreu com lesões e teve fraca média de gols.
O poderoso clube italiano só libera um jovem de 23 anos por não depositar mais esperança nele. O Milan quer, agora, se ver livre de seu alto salário. Fez o investimento esperando retorno, que não obteve nem dentro nem fora de campo. Kaká, já com problemas físicos, só foi negociado depois de ter liderado a equipe em títulos como o da Copa dos Campeões e do Mundial e conquistado o troféu de melhor jogador do mundo em eleição da Fifa - e por valor bem superior.
O Corinthians, se confirmar sua contratação, estará fazendo aposta de risco. Mas, mesmo que Pato não brilhe, o clube deverá recuperar parte do investimento com ações de marketing, embora o atacante não tenha nem de perto o apelo de Ronaldo, sucesso no Parque São Jorge.
Um fato, no entanto, parece inegável. A saída de Pato do Milan tão precocemente é claro atestado de fracasso na Itália. O brasileiro é uma promessa que já dura seis anos e nunca se tornou realidade.