Falsas imputações de racismo não podem passar impunes, como o racismo 25/01/2013
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja Online
Não me impressiona que certas coisas aconteçam. O que é estupefaciente é que a antes chamada grande imprensa — cada vez menor na sua dimensão, digamos, democrática — lhes dê trela.
A que me refiro?
Em dezembro, aconteceu um assalto na região do Taquaral, em Campinas. As testemunhas descreveram os bandidos. Eram pardos e negros.
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A PM determinou que grupos de jovens de cor parda e negra fossem alvos especiais da atenção da polícia para a apuração daquele caso em particular.
O que há de errado nisso?
Se os assaltantes fossem pernetas, a polícia diria: “Especial atenção com os pernetas”. Se fossem louros de olhos azuis, “Cuidado com os louros de olhos azuis”.
Trata-se de mera caracterização.
Não para Frei Davi, o chefão de uma ONG chamada Educafro e notório criador de caso, chegado a ver racismo também onde não existe.
Venham cá: então é legítimo que alguém se identifique como negro ou pardo para ter direito a cotas, por exemplo — e ninguém vê nisso racismo —, mas é um absurdo quando se diz: “Os ladrões eram negros, os ladrões eram pardos?”.
A polícia deveria ter omitido esse dado?
Estão fazendo um barulho bucéfalo nas redes sociais. E, claro!, lá foi a diligente imprensa meter o gravador na boca do governador Geraldo Alckmin. Ele disse o óbvio. Lê-se no Estadão:
“O que houve foi um assalto ocorrido num bairro. Você tem um suspeito feito pelas características. É como se dizer: ‘Olha, teve um assalto aqui, e o suspeito é um loiro, uma pessoa loira, ou o suspeito é uma pessoa japonesa, asiática’. Enfim, o suspeito era uma pessoa de cor parda (…) Mas (esse foi) um caso específico, onde havia um suspeito. Não há nenhuma forma de discriminação”.
Afirmou ainda que, caso se tratasse de preconceito, a punição seria “rigorosíssima”.
Quem poderia endossar uma ordem da PM para tomar especial cuidado com negros e pardos?
Ora… A acusação é absurda! Chegará um momento em que será preciso responsabilizar judicialmente as acusações infundadas de preconceito. Isso demoniza as pessoas e as instituições, deixa-as marcadas.
É evidente que a Educafro está atribuindo à polícia o que ela não fez. O caso é de tal sorte estúpido que nem deveria ser objeto de notícia — ou, então, que se evidenciasse a estupidez da coisa. O politicamente correto — e estúpido — dita a pauta.
De agora em diante, quando a polícia tiver de caracterizar um eventual suspeito pardo ou negro, terá de dizer: “Suspeito não é branco, não é amarelo nem é vermelho”.