|
O OUTRO LADO DA NOTÍCIA
Voos distintos
04/02/2013
- Antero Greco - O Estado de S.Paulo

Pato e Ganso sabem jogar e vivem momento de guinada. Talvez não sejam os gênios que muitos imaginam, mas estão longe de engrossar o rol dos comuns. Frequentam patamar acima da média e, por várias circunstâncias, eram foco de atenção no domingo, dia em que toparam com voos distintos. O primeiro entrou em campo com jogo definido, e nos primeiros toques na bola, na estreia no Corinthians, fez gol e percebeu quanto tem a embalar num clube em alta. O outro mostrou-se contido, constrangido até, na volta à Vila, agora como rival, e pouco contribuiu para evitar a derrota do São Paulo; terá de desdobrar-se para vingar.
Pato era atração alvinegra, mesmo escalado para compor banco. Parte do excelente público que esteve no Pacaembu aproveitou a tarde de ócio para ver como se comportaria o rapaz que despontou como fenômeno goleador, temporadas atrás, e depois se enroscou em inúmeras e misteriosas contusões no Milan.
Como tudo é festa para o campeão do mundo, Pato teve recepção de ídolo, antes de pisar no gramado. Exagero, sem dúvida. Exagero próprio de quem está de bem com a vida e saciado com os títulos grandiosos do ano passado. Excesso que deixou o moço à vontade, só à espera do aceno do técnico Tite para entrar e encarar a turma do Oeste.
PUBLICIDADE
Tão relaxado que na primeira chance, assim que substituiu o peruano Guerrero, carimbou a rede do gol do fundo do estádio, aquele do tobogã. Não é um alívio começar em novo emprego com prova de eficiência? Dá pra estufar o peito e espantar a tensão. Sobretudo se for alguém com atestada capacidade, mas com interrogação em torno da resistência física. Pra largada, foi excelente.
Aplausos até que o Ganso ouviu - poucos, da parte ocupada pelos são-paulinos que desceram para a Baixada. Carinho abafado pelas vaias, intensas, impiedosas e esperadas que lhe foram dedicadas pelos santistas. Não dava para esperar flores, cortesia negada a um astro que debandou. Também não era para receber moedas e cédulas, atiradas em sua direção para atestar desaprovação. Mágoa de amor leva a gestos estúpidos.
Ganso sentiu a rejeição dos ex-admiradores. Acusou o golpe, e não convenceu o ar aparentemente neutro e despreocupado que tratou de exibir. Conversa fiada. Ney Franco o manteve em campo até a metade da etapa final, em demonstração de confiança, mas deve ter percebido que perdeu tempo. Ganso deu meia dúzia de bons toques, rodou um pouco no meio-campo, ensaiou um ou outro drible, e só. Não se sentiu confortável. Tomara tenha sido apenas acanhamento, ainda desdobramento da forma pouco gentil como ocorreu a ruptura com o Santos. Tomara não seja esse o Ganso daqui em diante. Porque, se for... problemas à vista.
Dilemas terá Tite para definir titulares do Corinthians. Doce dilema. A base é a da conquista da Libertadores e do Mundial; as opções, porém, são promissoras. Uma delas está no ataque. Pato, em forma, não veio para ser alternativa, mas dono da posição. E o que fazer com Guerrero, herói no Japão e autor de dois gols na tarde de ontem? E Douglas? E Guilherme? Romarinho? O professor ri à toa.
Menos sisudez cabe no semblante de Muricy. O Santos se reconstrói e tem o Paulista como laboratório. Cícero ajustou-se no meio, Montillo se solta, Miralles (dois gols ontem) se firma no ataque. E ainda há Neymar, que roubou a cena e fez de tudo. Time forte para brigar pelo tetra estadual. Mas o árbitro errou ao anular gol de Luis Fabiano quando o placar estava 1 a 0 para o Santos. Ah, errou!


Compartilhe:
|
|