Dilma tenta minimizar os efeitos da bobagem que falou e culpa a… imprensa! 28/03/2013
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Ai, ai…
Dilma também recorreu à desculpa-padrão de governantes falastrões. Diante da constatação de que as bobagens que dizem produzem efeitos indesejados, tentam culpar a imprensa. Cristina Kirchner, por exemplo, é craque nisso.
Sim, a presidente Dilma afirmou, à sua moda, que não sacrificaria o PIB para controlar a inflação. E acusou de superados os que não pensam como ela.
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Já escrevi a respeito: afirmei que superada, tola mesmo!, é a suposição de que alguém tem gosto especial por um PIB mesquinho; superada é a falsa dicotomia entre crescimento e inflação.
Não se trata de escolhas excludentes. Quem opta por crescer sem dar bola para a inflação não escolheu o crescimento, mas a crise e a desorganização da economia.
“Mas como vamos combater? Elevando os juros nos cornos da Lua?” Olhem aqui: eles já não são baixos hoje.
A inflação brasileira deriva de um superaquecimento?
Superaquecimento de economia que cresce 1% ao ano?
A questão não é saber se elevar juro é bom ou ruim, mas saber se é necessário ou não é. Crescendo essa mixuriquice, parece que não.
A fala da presidente só é sintoma da confusão mental que vigora lá no reino de Guido Mantega.
Leia texto na VEJA.com:*
Que o governo tenha optado por estimular o crescimento da economia em detrimento do controle da inflação, isso não é novidade.
Nesta quarta-feira, no entanto, foi a primeira vez que a presidente Dilma Rousseff deixou escapar sua heterodoxa preferência pelo Produto Interno Bruto (PIB) quando confrontado com a questão inflacionária.
Aconteceu durante conversa com jornalistas em Durban, na África do Sul, onde esteve para o encontro dos Brics.
O que há de heterodoxo nessa fala? Não faz sentido considerar crescimento e inflação como opções excludentes. Uma coisa não pode existir em relação de oposição com a outra.
Dilma afirmou que não concorda com políticas de combate à inflação que mirem a redução do crescimento econômico.
A fala repercutiu como pólvora – o que fez o blog do Planalto divulgar uma nota feita pela presidente desmentindo sua frase.
“Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo”, afirmou a presidente.
Dilma também pediu que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, conversasse com jornalistas para desfazer o “mal entendido”.
À Agência Estado, Tombini afirmou que era preciso que o “mal entendido fosse desfeito e que não há tolerância em relação à inflação”.
Ele até usou o expediente da insubordinação para consertar a frase de Dilma. “De inflação fala a equipe econômica. Em relação à política de juros, fala o Banco Central”, disse.
Mercado entendeu o recado
De acordo com a nota, Dilma decidiu se pronunciar após “tomar conhecimento de que agentes do mercado financeiro estavam interpretando erroneamente seus comentários como expressão de leniência em relação à inflação”.
As declarações da presidente reduziram as apostas de elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia. As taxas futuras, que já caíam desde a abertura do mercado, acentuaram o movimento imediatamente após as palavras da presidente.
Com as declarações de Dilma, os analistas entenderam que o governo acredita que a inflação no Brasil seja algo temporário e que o Banco Central poderá adiar o início do aperto monetário.
As palavras de Dilma, na véspera da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, também foram criticadas por alguns agentes, porque atrapalharia o esforço do presidente do BC, Alexandre Tombini, em ancorar as expectativas do mercado.