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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Maus sinais para 2013
14/04/2013 - O Estado de S.Paulo

O mau estado da economia foi confirmado por mais um indicador nessa sexta-feira. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB divulgado a cada três meses pelo IBGE, caiu 0,52% de janeiro para fevereiro.

Desde 2005 foi o pior resultado nesse período. Foi também a maior variação negativa desde a queda de 0,84% em setembro do ano passado. O nível de atividade foi 1,88% mais alto que o de um ano antes. Em 12 meses, no entanto, o crescimento do índice, ajustado pelas condições sazonais, ficou em 0,83%, inferior, portanto, ao do PIB de janeiro a dezembro de 2012 (0,9%).

Tomando-se o IBC-Br como referência para previsão, fica muito difícil acreditar em expansão econômica superior a 3% neste ano, embora a base de comparação seja baixa.


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Por enquanto, só os dados da agricultura apontam algum resultado positivo em 2013. A safra de grãos e oleaginosas, calculada em até 184,04 milhões de toneladas, poderá ser 10,8% maior que a anterior. Um crescimento parecido, 11%, é estimado para a produção de cana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para o café, o último levantamento indica uma redução entre 1,3% e 7,6% em relação à safra anterior, mas essa diminuição, esperada a cada dois anos, deve ser insuficiente para neutralizar o desempenho de outros segmentos da produção rural.

O crescimento industrial deve continuar pouco expressivo. O PIB do setor deve aumentar 2,6%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas os números conhecidos até agora são pouco entusiasmantes. Segundo o IBGE, a produção industrial diminuiu 2,5% em fevereiro, depois de ter crescido 2,6% em janeiro.

A indústria de transformação continua com dificuldades para crescer, segundo o último relatório de indicadores distribuído pela CNI. O setor, de acordo com o boletim, ainda não encontrou sua trajetória de crescimento, como apontam as oscilações dos indicadores de desempenho. O faturamento real caiu 3,7% em fevereiro. Já havia caído em janeiro. O uso da capacidade instalada recuou 1,9 ponto porcentual e isso praticamente anulou o avanço registrado no mês anterior.

Os estoques estão ajustados e isso amplia o potencial de recuperação, disse o diretor de políticas e estratégia da CNI, José Augusto Fernandes. A tendência é de recuperação, segundo ele, mas os custos industriais já cresceram 6,3% neste ano. O custo salarial, um dos mais importantes, continua em rápida elevação e no primeiro bimestre foi 2,2% superior ao de janeiro-fevereiro de 2012, descontada a inflação. Em fevereiro, a massa de salários foi 2,8% maior que a de um ano antes. No mês, o número de horas de trabalho foi 0,9% menor que em fevereiro de 2012.

Custos maiores com menos horas de trabalho e menor uso da capacidade instalada são incompatíveis com ganhos de eficiência e aumento da produção. O desempenho da indústria é fortemente vinculado ao comércio internacional. A produção industrial brasileira tem perdido espaço tanto no exterior quanto no mercado interno, por problemas bem conhecidos de competitividade. A escassez de mão de obra qualificada é um desses problemas e será "marca do mercado de trabalho em 2013", segundo o último informe conjuntural da CNI.

Essa escassez foi um dos motivos da retenção de pessoal em 2012, quando a produção do setor diminuiu 0,8% e a massa real de salários aumentou 5%. Com a perspectiva de reativação econômica em 2013, quem demitisse se arriscaria a disputar mão de obra num mercado mais apertado. O baixo desemprego em 2012, alardeado pela presidente Dilma Rousseff como sinal de sucesso de suas políticas, é explicável principalmente pelo fracasso da política educacional e pelo despreparo da maior parte dos trabalhadores. Não se forma capital humano com demagogia e populismo, as grandes marcas dos governos petistas no setor educacional.

Competitividade é a condição indispensável para conquistar espaços no mercado global e para manter contra os concorrentes o espaço conquistado. Não há, no comércio internacional, sistemas de cotas nem critérios sociais para atenuar a dureza da disputa. Se continuar incapaz de entender esses dados simples e evidentes, o governo brasileiro levará o País a um desastre comercial e cambial.



  

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