capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 27/11/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.952.423 pageviews  

Curto&Grosso O que ainda será manchete

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Sangue na água
10/06/2013 - JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO - O Estado de S.Paulo

O governo, através de seu líder, Arlindo Chinaglia (PT-SP), calcula que só 150 deputados são fiéis à presidente Dilma Rousseff. É menos de 30% da Câmara. Parece pouco, mas é muito. O Basômetro mostra que a fidelidade canina à presidente é menor. Bem menor.

No seu primeiro ano de governo, Dilma podia contar com 306 deputados federais e 37 senadores em nove de cada dez votações de interesse do governo no Congresso. Em 2013, esse "núcleo duro" de apoio está reduzido a 103 deputados e 31 senadores. Só dois de cada três contabilizados por Chinaglia são mesmo fiéis.

"Identidade ideológica e política com o governo"? Ok, mas pode chamar de petista: dos 103 deputados que votaram 90% das vezes ou mais a favor do governo este ano, 79 são do PT. Os outros raros 24 se dispersam entre PMDB, PP, PTB, PR, PC do B, PV, PSC, PDT e DEM (sic). Nenhum do PSB. Nenhum do PSD.


PUBLICIDADE


Em 10 anos de dinastia petista, o "núcleo duro" nunca foi tão pequeno. De uma bola de futebol em 2011, virou uma bolinha de tênis em 2013. Nem na crise do mensalão, em 2005, o coração do lulopetismo pulsou tão fraco no Congresso. Por quê?

"Talvez Lula dedicasse maior tempo ao contato com as lideranças políticas. E Dilma talvez dedique menos tempo a esse tipo de ação", especula Arlindo Chinaglia. Talvez?

É certo que Dilma não gasta seu tempo como Lula. Não é certo que essa seja a raiz da crise na base governista. Crise? Que crise?

Dilma perdeu três de 36 votações nominais na Câmara este ano - metade do que perdeu em 2012. Perder nunca é bom, mas três derrotas não configuram uma crise. A crise é a ameaça permanente de crise.

Políticos farejam oportunidades de aumentar seu poder tão rapidamente quanto tubarões percebem sangue num aquário. Um governante ferido é uma fonte irresistível de proteína para as ambições dos selachimorphae brasilienses. E Dilma está ferida?

Mesmo após perder 8 pontos no Datafolha desta semana, a presidente ainda tem mais popularidade do que qualquer antecessor na mesma altura do mandato. Mas o que vale é a perspectiva de poder, não o passado. Os adversários e aliados de ocasião olham para frente e enxergam um filete vermelho.

O cheiro de sangue percebido pelos tubarões do Congresso vêm de duas fontes: 1) sinais de que a inflação e o pibinho devem se estender até o ano eleitoral de 2014; 2) pesquisas anteriores, não divulgadas, que já apontavam menor apoio popular à presidente. Isoladas, significam pouco. Juntas, dão margem às oscilações da base governista que alavancam Cunhas e Eduardos.

Para sangrar o governante, os tubarões não precisam impingir derrotas sucessivas. Basta criar a expectativa da derrota. Foi o que aconteceu com Dilma na interminável votação da MP dos Portos: o governo ganhou, mas de forma tão sofrida que reforçou a imagem de fragilidade. É o mesmo roteiro que o líder do PMDB, Eduardo Cunha, ameaça repetir na votação dos vetos presidenciais.

Em 2011, 67 deputados do PMDB irrigavam o coração do apoio a Dilma na Câmara: votaram mais de 90% das vezes com a presidente. Em 2013, os 67 viraram 8, e nenhum dos que eram 100% Dilma no primeiro ano do governo continua no "núcleo duro" do dilmismo. A criação de dificuldades para venda de facilidades explica boa parte da mudança de comportamento peemedebista.

Não é o mesmo caso do PSB de Eduardo Campos. Quando ele era só o governador de Pernambuco, o PSB tinha 92% de governismo e 26 de seus 30 deputados integravam o "núcleo duro" de apoio a Dilma na Câmara. Em 2013, com Campos presidenciável, a taxa média de governismo do partido desabou para 75% e nenhum deputado socialista permanece no clube dos fiéis à presidente.

Comercialização de facilidades e fricções eleitorais só tendem a aumentar. Junho terá mais pesquisas sobre a popularidade da presidente. Outra queda equivaleria a sangue na água - com potencial de deflagrar uma espiral muito mais desagradável para Dilma do que as turbulências do avião presidencial.


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques