Gênio da Raça 19/06/2013
- Blog de Augusto Nunes - Veja.com
Lula se considera um extraordinário negociador desde quando o presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo fechava acertos com patrões.
Depois de inaugurar a base alugada no Congresso, concluiu que o Brasil era pequeno demais para um gênio da raça.
Era hora de mostrar ao mundo que não merecia menos que a secretaria-geral da ONU ou o prêmio Nobel da Paz (ou as duas coisas) um estadista capaz até de juntar na mesma mesa tribos de antropófagos rivais que já se devoravam no tempo das cavernas.
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Desempenhando simultaneamente os papéis de presidente do Brasil e conselheiro do mundo, nosso Lincoln de galinheiro não perdeu nenhuma chance de intrometer-se em assuntos que ignora, dar palpites onde não fora chamado e envergonhar o país que pensa com a declamação de ideias de jerico.
Ao baixar no Oriente Médio, por exemplo, tratou a mais complexa das crises como se estivesse apitando um jogo entre a 25 de Março e o Bom Retiro.
“Os turcos e judeus que vivem em São Paulo sempre se entenderam muito bem”, recitava, com a expressão superior de quem estava pronto para liquidar com meia dúzia de conversas o conflito entre árabes e israelenses.
Como nunca soube direito em no que se meteu, Lula jamais saberá avaliar a extensão da gabolice.
Fora do Planalto há dois anos e meio, continua caprichando na pose de gênio da raça.
Mas a confiança sem limites no taco mágico sumiu, informa a distância que o tem separado das manifestações de rua em São Paulo.
Nesta terça-feira, por exemplo, o padrinho de Fernando Haddad soube que um grupo de vândalos tentava invadir o prédio da prefeitura sitiado pela multidão.
Em vez de correr para a área conflagrada e negociar a paz, Lula mandou dizer que confiava no poder de persuasão do companheiro prefeito.
Tradução: Haddad que se virasse.
A sorte do prefeito foi ter deixado o gabinete meia hora antes da chegada dos manifestantes.