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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Mais tecnologia para o campo
19/06/2013 - O Estado de S.Paulo

Com a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), que depende da aprovação de um projeto de lei já enviado ao Congresso, o governo pretende aproximar ainda mais os centros de pesquisas dos produtores rurais, dos quais apenas 25% têm acesso aos conhecimentos tecnológicos.

A Anater deverá articular em nível nacional o trabalho desenvolvido pelas instituições estaduais de extensão rural de levar aos agricultores e pecuaristas as tecnologias disponíveis de produção e criação, armazenamento, processamento e de gestão dos negócios rurais. Com isso, o que se espera é a modernização mais rápida da agropecuária brasileira, com o aumento da produtividade e maiores ganhos para os produtores.

O papel que caberá à nova agência já foi desempenhado, no passado, pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Embrater). Em 1989, o governo Sarney decretou o encerramento das atividades da empresa, mas uma rápida reação do Congresso impediu que o decreto tivesse efeito prático. O governo seguinte, de Collor, porém, conseguiu fechar a Embrater em 1992. Desde então, a atuação das empresas estaduais de assistência técnica e extensão rural - em São Paulo, a atividade é desempenhada pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, vinculada à Secretaria da Agricultura - vem sendo coordenada por uma entidade nacional por elas criadas.


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Mesmo já tendo alcançado níveis elevados de produtividade, que lhes têm assegurado crescimento contínuo da produção de grãos com aumento bem menor da área cultivada, o Brasil ainda tem muito espaço para desenvolver sua agropecuária e oferecer mais alimentos para o mercado interno e para outros países. Dos estabelecimentos rurais registrados no País, 11% dos considerados familiares e 9% dos médios e grandes não têm nenhuma produção, de acordo com dados do governo. Mais de 1,3 milhão de estabelecimentos não obtém receita com a atividade agropecuária.

O mais recente censo agropecuário, de 2006, mostrou o impacto da assistência técnica e da extensão rural na renda auferida pelos produtores. "Enquanto os grandes e médios produtores que não recebem assistência técnica e extensão rural obtêm um valor básico de produção de R$ 232 por hectare, os que contam com esse serviço obtêm R$ 996 na mesma área", conforme a mensagem enviada pelo governo ao Congresso para justificar a criação da Anater.

Como mostram esses números, a assistência técnica e a extensão rural podem mais do que quadruplicar a renda, nas médias e grandes propriedades. Nas propriedades familiares, o impacto é semelhante: o valor da produção passa de R$ 639 para R$ 2.309 por hectare.

Na esfera federal, o sistema coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) conta com uma rede de 47 centros de pesquisas e 16 instituições estaduais. Além da estrutura da Embrapa, o País dispõe de uma rede privada e também de universidades.

O Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014 anunciado no início do mês pelo governo inclui o investimento de R$ 120 milhões para a ampliação e modernização dos seis laboratórios nacionais agropecuários, para dar-lhes condições de produzir diagnósticos mais rápidos e precisos sobre a qualidade dos produtos agropecuários nacionais.

Para levar a mais produtores os conhecimentos gerados nas instituições de pesquisa, além da criação da Anater, o governo pretende montar uma rede de educação profissional e de inovação tecnológica. Essa rede envolverá a estrutura da Embrapa, as universidades federais, as escolas técnicas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, gerido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Ao mesmo tempo que levará conhecimentos para os produtores, a nova estrutura federal para a assistência técnica e extensão rural trará para os centros de pesquisa as demandas e as necessidades reais do setor produtivo. Os dois lados têm a ganhar com isso.


  

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