Afinal, Lula está doente ou não? 05/07/2013
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Entre a noite de quarta e madrugada desta quinta, 10 pessoas morreram em decorrência do bloqueio de estradas. Na Bahia e em Minas, acidentes resultaram em nove mortos.
No Rio Grande do Sul, um caminhoneiro foi atingido por uma pedrada no pescoço e morreu. Ele já tinha sido agredido no rosto e pedira ajuda à Polícia Rodoviária Federal, que passou a escoltá-lo, mas de longe.
Ouvido pela Folha, Nélio Botelho, líder da paralisação dos caminhoneiros, lamentou o caso, mas disse que “isso pode acontecer”.
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Cadê Dilma Russeff?
Está acusada. Por Lula e pelo PT. Ele a critica por intermédio dos seus estafetas.
Os petistas acusam a presidente de não dialogar com os movimentos sociais, seja lá o que isso signifique.
Dado o ambiente, que não é dos mais hospitaleiros para a chefe do Executivo, o papel do partido seria diminuir a tensão.
Nada! Decidiu fazer justamente o contrário e optar pela saída à esquerda.
O Diretório Nacional emitiu ontem uma nota em que saúda “o caráter progressista que se consolidou no rumo das manifestações em curso, com suas reivindicações políticas, econômicas e sociais profundamente identificadas com a trajetória e programa do Partido dos Trabalhadores e das forças que se uniram para governar o Brasil sob a condução da Presidenta Dilma”.
Sim, claro!, o texto canta as glórias da presidente e coisa e tal, mas conclama “a militância petista nos movimentos sociais a que assumam decididamente a participação nas manifestações de rua em todo o país, em particular no Dia Nacional de Luta com Greves e Mobilizações convocada por ampla coalizão de centrais sindicais e movimentos populares para o próximo dia 11 de julho, em defesa da pauta da classe trabalhadora para o país e da Reforma Política com Participação Popular”. O texto prega ainda a Constituinte exclusiva para fazer a reforma política.
Lula
Chegou a hora de falar claramente sobre o que anda nas bocas e nos becos: há uma especulação danada, inclusive entre jornalistas, sobre a saúde de Lula.
Alguém diz: “Ah, sei de fonte segura que a doença voltou”. Outro, com fonte não menos segura: “Ele está saudável como nunca!”.
Informo: no próprio petismo e no governo, a especulação corre solta.
A dúvida se tornou um caso político relevante?
É evidente que sim! Uma coisa é absolutamente certa: seu silêncio, ao menos de própria voz, não é corriqueiro.
Tem falado, por intermédio de terceiros, mas para criticar… Dilma!
Sabemos que ele considerou um erro a história da Constituinte, que acha sua criatura e sucessora “teimosa”, que defende que ela reduza o número de ministérios e mude a equipe econômica.
Tudo isso pra quê? Pra nada?
É bom saber como as coisas funcionam no petismo, um partido que tem, enquanto Lula for Lula, dono.
A nota pregando a saída pela esquerda e a participação da militância em protestos não sairia sem o seu endosso.
Se o Babalorixá estiver saudável, é evidente que considera a hipótese de entrar em campo — como disse Gilberto Carvalho ainda em 2011, o partido tem “o Pelé no banco”.
Se estiver doente, a mobilização pode assumir uma dimensão messiânica.
Em qualquer dos casos, o partido, ao menos no discurso de rua, resolve dar uma guinada à esquerda.
Ela serve para qualquer cenário: para um Lula saudável, com chances reais e disputar a eleição de 2014, ou para um Lula que falaria em nome de um legado.
Num caso ou noutro, Dilma, como é evidente, não apita nada!
Para ela e para seu governo, o bom seria que as ruas fossem voltando aos poucos à normalidade.
O tal dia de luta só servirá para dar combustível novo aos protestos.
Ocorre que o PT não tem como negar a sua natureza. Quer que os aparelhos sindicais que domina — mais uma miríade de ONGs a seu serviço — assumam o controle das manifestações e lhes torça a pauta.
Na tal resolução, e isso não poderia faltar, há também o controle da mídia.
Depois do discurso de Dilma em favor da ordem, 10 já morreram. E o PT, como se lê, pregou de novo que seus aparelhos disputem a influência nas ruas.