capa | atento olhar | busca | de última! | dia-a-dia | entrevista | falooouu
guia oficial do puxa-saco | hoje na história | loterias | mamãe, óia eu aqui | mt cards
poemas & sonetos | releitura | sabor da terra | sbornianews | vi@ email
 
Cuiabá MT, 24/09/2024
comTEXTO | críticas construtivas | curto & grosso | o outro lado da notícia | tá ligado? | tema livre 30.754.244 pageviews  

Tema Livre Só pra quem tem opinião. E “güenta” o tranco

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Abusos nos costumes
16/08/2013 - Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

Ao se posicionar sobre o processo do mensalão no primeiro dia do julgamento dos recursos iniciais contra as condenações determinadas pelo Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso deu aval à tese de que só uma reforma salva a política.

O defeito, segundo ele, está no "modelo brasileiro que produz a criminalização da política". Por esse raciocínio, partidos e políticos seriam vítimas e não agentes dos delitos. Suas condutas desviantes seriam corrigidas mediante a mudança de regras eleitorais e partidárias.

Por analogia, então, uma ampla reforma no Código Penal teria o condão de, por si só, combater a criminalidade.


PUBLICIDADE


Mas as coisas não são assim. Não se resolvem transferindo a responsabilidade do indivíduo para as instituições. O próprio Luís Roberto Barroso (a quem aproveito para pedir desculpas por trocar seu nome dias atrás, chamando-o de José) entrou nessa seara quando chamou atenção para o desrespeito às leis e às normas de civilidade presente no cotidiano das pessoas.

O ministro não citou, mas poderia incluir o eleitor que estabelece com os políticos uma relação baseada no toma lá dá cá. Por que as emendas são tão importantes para os parlamentares?

Porque ao levar dinheiro para esta ou aquela localidade o político se credencia junto ao eleitorado que, pelo mesmo motivo, tende a "simpatizar" com os que conseguem se mostrar próximos do poder, com acesso a instrumentos de repasse de benefícios.

Nada a ver com ideologia ou juízo sobre a conduta do deputado, do vereador, do prefeito, do senador ou do governador. Tanto é que vários conseguem se eleger depois de terem sido protagonistas de escândalos, tendo passado longos períodos de exposição negativa e em alguns casos condenados.

A lista é extensa e expõe o fisiologismo na convivência com a base, numa reprodução do que ocorre em Brasília entre as cúpulas. Portanto, falamos de algo que vai além da reformulação do sistema eleitoral, da forma de financiamento das campanhas, do voto assim ou assado. Falamos de uma questão cultural.

Não só. Evidentemente a reforma das regras é necessária. Mas a reformulação de procedimentos é imprescindível. Uma não funciona sem a outra. Bem como a existência de punição rigorosa cumpre papel importante.

Na opinião do ministro Barroso, "ninguém deve supor que os costumes políticos serão regenerados com direito penal, repressões e prisões". Segundo ele, todo o esforço empreendido na investigação e julgamento dos envolvidos no mensalão só será validado quando se fizer a reforma política.

Involuntariamente ou não, o ministro desvalorizou o esforço ao qual se referiu. Havendo a aplicação da lei, a observância do direito, a repressão a ilegalidades e prisões dos que se beneficiam de prerrogativas públicas para escapar de punição, certamente haverá a inibição de ações até então cometidas com total falta de cerimônia, ao abrigo da leniência geral.

Não é verdade que, como disse Luís Roberto Barroso, sem a reforma política tudo continuará a ser como sempre foi. Algum partido ou governo vai se atrever a arquitetar esquemas de desvio de dinheiro para financiar partidos aliados diante das condenações prestes a serem executadas?

Podemos até inverter a pergunta: se já tivesse sido feita a reforma política quando o assunto começou a ser discutido no Congresso há mais de 15 anos, não haveria escândalos de corrupção, estaria tudo resolvido desde então?

Não estaria. Como de resto não estará nada resolvido nem minimamente encaminhado para uma solução razoável enquanto houver tolerância aos abusos decorrentes dos maus costumes arraigados na sociedade e exercitados com desfaçatez por certas autoridades.


  

Compartilhe: twitter delicious Windows Live MySpace facebook Google digg

  Textos anteriores
14/08/2023 - NONO NONO NONO NONO
11/08/2023 - FRASES FAMOSAS
10/08/2023 - CAIXA REGISTRADORA
09/08/2023 - MINHAS AVÓS
08/08/2023 - YSANI KALAPALO
07/08/2023 - OS TRÊS GARÇONS
06/08/2023 - O BOLICHO
05/08/2023 - EXCESSO DE NOTÍCIAS
04/08/2023 - GUARANÁ RALADO
03/08/2023 - AS FOTOS DAS ILUSTRAÇÕES DOS MEUS TEXTOS
02/08/2023 - GERAÇÕES
01/08/2023 - Visitas surpresas da minha terceira geração
31/07/2023 - PREMONIÇÃO OU SEXTO SENTIDO
30/07/2023 - A COSTUREIRA
29/07/2023 - Conversa de bisnetas
28/07/2023 - PENSAR NO PASSADO
27/07/2023 - SE A CIÊNCIA NOS AJUDAR
26/07/2023 - PESQUISANDO
25/07/2023 - A História Escrita e Oral
24/07/2023 - ESTÃO ACABANDO OS ACREANOS FAMOSOS

Listar todos os textos
 
Editor: Marcos Antonio Moreira
Diretora Executiva: Kelen Marques