A resistência da inflação indica juro básico mais alto 18/10/2013
- O Estado de S.Paulo
A constatação é do Banco Central (BC), na Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada ontem para explicar o aumento da taxa de juro básico de 9% ao ano para 9,5% ao ano:
"A elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência".
Bastou para os especialistas concluírem que o juro básico será novamente aumentado em novembro, não se descartando a hipótese de aumentos adicionais em 2014.
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O ex-ministro Delfim Netto considerou muito provável a elevação do juro básico de 9,5% ao ano para 10% ao ano, na próxima reunião do Copom. Previsões semelhantes foram feitas pelo ex-presidente do BC Gustavo Loyola e pelo ex-diretor do BC Ilan Goldfajn.
Segundo a Ata do Copom, alguns indicadores de preços ainda apontam para cima, como a média das variações mensais das medidas de inflação subjacente, calculadas pelo BC, que "passou de 0,41% em agosto para 0,46% em setembro". Assim, "a variação acumulada em 12 meses atingiu 6,22% (0,99 ponto porcentual acima da registrada até setembro de 2012)". O núcleo do IPCA calculado por médias aparadas com suavização passou de 0,42%, em agosto, para 0,43%, em setembro. Expressões herméticas para indicar que a inflação ainda pressiona.
O ritmo lento da atividade econômica não basta para afrouxar a política monetária, depreende-se. Tampouco bastam a projeção do BC de reajuste de apenas 5% da gasolina, queda de 16% na tarifa de eletricidade, alta de só 2,5% no preço do gás de botijão e redução de 1% nas tarifas de telefonia - e alta de apenas 1,5% nos preços administrados. O BC continua condescendente com a situação fiscal - "a projeção de inflação considera impulso fiscal a variação do superávit estrutural em relação ao observado no período anterior".
Ressalvas à parte, o BC deixou claro que o ajuste monetário vai persistir. Mas, se o BC não usasse luvas de pelica no tocante à situação fiscal, ganharia maior credibilidade.
Loyola continua temendo um afrouxamento da política fiscal e a "acomodação" com uma inflação inferior a 6,5% ao ano, mas acima de 4,5%, que é o centro da meta de inflação, disse ao serviço online Broadcast, do Estado. E o também ex-presidente do BC Affonso Pastore calcula que o superávit primário é de apenas 1,2% do PIB, distante da meta de 2,3% do PIB. Ou seja, se a confiança fosse maior, o juro básico poderia ser menor.