Kd imperialismo americano? 21/10/2013
- Blog de Ricaro Setti - Veja.com
Os energúmenos de sempre, o que em geral inclui também baderneiros e, naturalmente, os partidários de se reconstruir o Muro de Berlim, deveriam estar até satisfeitos com o primeiro leilão de exploração das reservas de petróleo de pré-sal do país, a do campo de Libra, na Bacia de Campos, no qual se estima haver entre 8 e 12 bilhões de barris do (ainda) “ouro negro”.
Afinal, apesar de todos os protestos e de mais uma greve de petroleiros -- será que haverá desconto dos dias parados, ou eles ganharão de novo férias grátis? --, com o Exército nas ruas do Rio e tudo, a iniciativa privada, que é o motor do crescimento do planeta, ficou em minoria no consórcio vencedor, o único, aliás, que apresentou propostas.
Como já se sabe, quem venceu o leilão promovido pela Agência Nacional do Petróleo foi um consórcio formado pela própria Petrobras, detentora de 40%, as também estatais chinesas China Nacional Petroleum Company (CNPC) e China National Offshore Oil Corporation (CNOOC), com 10% cada uma -- cabendo a duas empresas privadas, as gigantes anglo-holandesa Shell e a francesa Total dividir igualmente os 40% restantes.
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O imperialismo americano ficou longe. Colossos como a ExxonMobil e a Chevron nem se interessaram pela disputa.
Como se sabe, os Estados Unidos estão nadando em colossais reservas de gás de xisto, desenvolveram uma tecnologia de exploração de petróleo dessas reservas e estão produzindo cada vez mais.
Como já escrevi recentemente -- vale lembrar aqui --, graças ao petróleo bruto extraído de formações de xisto (um tipo de rocha encharcada de óleo), somente um dos 50 Estados americanos, Dakota do Norte, aumentou mais de dez vezes a produção desde que foi perfurado o primeiro poço, há nove anos -- e hoje, com 900 mil barris POR DIA, Dakota do Norte supera dois dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Equador e o Catar. Sozinho, as empresas privadas que atuam em Dakota do Norte tiram do solo diariamente quase a metade do que a Petrobras inteira.
A produção de petróleo dos EUA passa um pouco de sonoros 10 milhões de barris de petróleo por dia, mais do que sua produção anual do último quarto de século -- são os dados oficiais de 2012, situando-se agora como o TERCEIRO PRODUTOR MUNDIAL. (A Rússia extrai 10,4 milhões de barris diários, e a Arábia Saudida, 11,7.)
Os otimistas acham que o país caminha para a total autossuficiência em petróleo, e de deixar de depender de países instáveis do Oriente Médio ou da inimiga ideológica Venezuela para suprir sua demanda.
Esse patamar ainda está distante, porque a economia americana devora diariamente 18 milhões de barris.
Algo me diz que os manifestantes contra o pré-sal, o pessoal do PSOL, os black blocs, os grevistas da Petrobras e muito mais gente ficou decepcionada: o imperialismo americano, ao que tudo indica, NÃO cobiça nossa preciosa riqueza -- até porque o petróleo de xisto que está obtendo em seu próprio solo é muito mais barato do que o do pré-sal.
Sem contar que as reservas do pré-sal, sem dúvida alguma um tesouro para o Brasil, são muito pequenas em comparação ao potencial americano com o gás de xisto.
O United States Geological Survey — agência de pesquisas e estudos sobre os recursos naturais do país, organismo do Departamento do Interior -- divulgou há dias uma estimativa de que apenas na região mais rica em xisto do Estado do Colorado, Piceanse Basin, pode abrigar espantosos 1,52 trilhão de barris, uma reserva superior à de qualquer outro país petroleiro do mundo e maior do que a soma de tudo o que têm os países membros da OPEP.
O imperialismo americano e sua suposta gula sobre nossas reservas sumiu. Cadê o imperialismo americano?