Sucesso não se improvisa: é fruto de trabalho e evolução. É nisso que o agronegócio tem investido, ao ponto de, em 40 anos, transformar o país.
Saímos da condição de importador de alimentos e conquistamos o posto de segundo maior exportador e mais: Temos perspectivas de, na próxima década, assumir a liderança mundial.
Muita coisa mudou. O agro é hoje altamente tecnológico, bate sucessivos recordes de produção sem ampliar a área plantada, abastece o mercado interno com produtos de qualidade e ainda sustenta a balança comercial.
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Com a agropecuária revelando-se o setor mais sadio da economia, não precisamos mais correr atrás dos candidatos a presidente. Agora, eles procuram o agronegócio para conhecer a nossa pauta. O jogo virou: de fera a agropecuária transfigura-se em bela, o que é bom para o país.
Ainda temos uma extensa agenda para os próximos anos. Mas nos desvencilhamos de alguns velhos problemas com a compreensão do governo federal nos últimos três anos.
Em atitude inédita, o governo se dispôs a entender e atender o setor, superando limites impostos pelos condicionamentos político-partidários.
Após 16 anos, a importância de modernizar o Código Florestal foi compreendida. Em que pesem divergências de mérito entre Executivo e Congresso, o apoio do governo permitiu a construção do código em que todos cederam, a segurança jurídica restabeleceu-se e o país ganhou.
O debate voltou ao foro adequado, que é o Parlamento, e encerramos a era de hegemonia das ONGs, liderada pela ex-ministra Marina Silva. A democracia, enfim, foi instalada na questão ambiental.
A votação da MP dos Portos foi outro avanço, fruto da parceria governo-Congresso. O esforço conjunto pôs fim à barreira inexplicável, de uma década, aos investimentos privados no setor portuário.
Outra ação bem-sucedida dos dois Poderes foi a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural, em substituição à Emater, extinta em 1990.
A Anater vai permitir aos produtores rurais das classes "D" e "E" acessar e incorporar inovações tecnológicas já usadas em larga escala pelo agronegócio.
Uma grande massa de pequenos produtores, até agora sem perspectivas, poderá chegar à classe média rural, assim como o fizeram milhões de brasileiros das cidades.
O aumento da capacidade armazenadora do país entrou na pauta governamental e esperamos que a questão seja resolvida nos próximos dois anos, com recursos de longo prazo e taxas de juros bem razoáveis. Hoje, nossa capacidade atende a cerca de 75% da produção e o ideal é que alcancemos 120%, a exemplo dos Estados Unidos.
Quanto à infraestrutura -rodovias, ferrovias e hidrovias-, agora vemos uma luz no fim do túnel, pois temos projetos sendo concessionados, em que pesem alguns desacertos no trajeto.
O seguro agrícola deixou de ser visto como benesse ao produtor e passou a ser tratado como política pública que é, posto que garante a produção nacional. Para a safra atual, foram reservados R$ 700 milhões -75% a mais do que um ano atrás- e a meta é chegar a R$ 2 bilhões em 2015.
E o que esperar de 2014? Passou da hora de dar um basta à política irresponsável da Funai. A entrada em vigência da portaria nº 303 significará um freio de arrumação nessa desordem fundiária.
Também precisamos ser proativos para conquistar novos mercados. Os países com os quais temos acordos representam apenas 10% do comércio mundial.
A falta de uma política mais agressiva do governo e o protecionismo de uns poucos setores da economia minaram negociações e são os responsáveis pelo iminente isolamento do Brasil. Felizmente, parece que as ideias estão mudando.
O protecionismo exigido por esses setores não pode se sobrepor ao interesse nacional. Todos precisam ir atrás de inovação e tecnologia para competir no mercado mundial.
Em momentos pré-eleitorais, muitos se manifestam em nome dos produtores do Brasil. Mas a agropecuária amadureceu, sabe o que quer, o que lhe falta e os avanços que obteve.
Não podemos desperdiçar o momento em que a fera virou bela. Pragmatismo e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
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*Kátia Abreu é senadora (PSD-TO) e a principal líder da bancada ruralista no Congresso.