Tem gato na tuba 12/01/2014
- Blog de Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
O caro leitor pode ficar tranquilo: na área da Justiça há pessoas preocupadas com problemas mais sérios do que a presença do crime organizado nas prisões (e fora delas), a corrupção que alimenta a entrada de armas, celulares e sabe-se lá mais o que nas celas, a violência de presos contra presos, o assédio sexual a mulheres, mães e filhas que visitam parentes na cadeia.
Agora vai: O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso proibiu, pela portaria 554, que seus funcionários alimentem os gatos que moram no prédio, sob pena de punição administrativa.
Motivo: “a necessidade de prevenir e combater a proliferação de zoonoses urbanas prevalentes, como forma de promover a saúde de magistrados, de serventuários e dos usuários dos serviços prestados pelo Poder Judiciário Estadual”.
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Traduzindo, gato com fome não transmite doenças.
O Maranhão é aqui
O comando político maranhense é indefensável: nos últimos 50 anos, o Estado foi governado pela família Sarney e seus aliados.
Recebeu apoio de todos os lados (de Glauber Rocha, cineasta revolucionário, dos Governos militares, que tiveram Sarney entre os mais fiéis seguidores, dos mais diversos presidentes civis -- entre eles o próprio Sarney -- e também de Lula e Dilma), e se mantém firme como um dos mais pobres Estados do país, apesar das boas terras e do clima favorável.
É indefensável a gestão das prisões maranhenses, em ruínas, superlotadas, dominadas pelo crime organizado.
E indefensável é a posição da governadora Roseana Sarney: “Um dos problemas que está piorando a segurança é que o Estado está mais rico, o que aumenta o número de habitantes”.
Mas o problema não é só maranhense. No Vale do Paraíba, SP, uma das regiões mais ricas do Estado mais rico do Brasil, a superlotação dos presídios faz o Maranhão parecer um hotel-fazenda.
No Maranhão, faltam 3.542 vagas para presos. No Vale do Paraíba, faltam 6.778 vagas.
Junte-se o forte calor à aglomeração de presos e imagine-se o nível de tensão.
O presidente da Associação dos Servidores Penitenciários, Jenis Andrade, disse ao jornal Valeparaibano que o PCC comanda os presídios -- crime organizado, como no Maranhão, como na maior parte do país.
O Governo diz que o problema ocorre porque a Polícia paulista “coíbe a ação criminosa”.
Sim, é a Polícia que mais prende no país -- mas onde colocar esses presos? Que é que se espera para enfrentar o problema?
Dos outros
Frase do colunista Cláudio Humberto:
“A boa notícia: o ministro Mantega (Fazenda) está de férias até esta sexta (10). A má: ele volta a Brasília na segunda-feira”.
A culpa é do calor
O Núcleo Regional do Governo do Estado de São Paulo nega que o governador Geraldo Alckmin, PSDB, tenha usado a expressão “consumo inesperado”, citada nesta coluna do último dia 8, para justificar a falta de água no Litoral.
O Núcleo tem razão: Alckmin não usou a expressão “consumo inesperado”. Mas disse que o consumo de água nas praias da Baixada Santista, que costuma ser de 150 litros diários por pessoa, subiu para 350 litros nos feriados de fim de ano.
Não houve “consumo inesperado”, mas que o Governo não o esperava, não esperava mesmo.
E o número esperado pelo governador não bate com o fornecido pela Sabesp, a companhia de águas e esgotos que ele comanda: “(…) no Brasil, o consumo por pessoa pode chegar a mais de 200 litros/dia”
No verão, na praia, onde além do banho se usa água para tirar o sal e a areia, esperaria o governador que o consumo diminuísse?
Falta d’água dá multa
Por falar em governador Alckmin, Sabesp e falta dágua no Litoral paulista, o Procon multou a Sabesp em R$ 210 mil, pela falta dágua no Guarujá.
De acordo com a empresa, a questão não foi o consumo mais alto e imprevisto: o problema foi provocado por oscilação de energia, que provocou pane elétrica no sistema de bombeamento.
A Sabesp tem prazo de 15 dias para recorrer da multa.
Boa notícia
A juíza Fernanda Soraia Pacheco Costa, da 4ª Vara Cível, determinou à ANAC, Agência Nacional da Aviação Civil, que obrigue as empresas aéreas a transportar de graça a cadeira de rodas de passageiro com deficiência.
As empresas, alegando que a cadeira de rodas não cabe no corredor do avião, só aceitam transportá-la como carga, cobrando à parte.
Agora a moleza acabou: já basta a ganância de cobrar até copo dágua a bordo. Cadeira de rodas vai sem custo.