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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Casca de banana
20/01/2014 - Antero Greco - O Estado de S.Paulo

Os Estaduais estão na raiz do prestígio dos grandes clubes do Brasil. Não há um que não tenha feito fama e fortuna por causa dos velhos torneios paroquiais. As rivalidades históricas também nasceram, floresceram e se consolidaram com os confrontos bairristas como pano de fundo. Mas agora viraram estorvo, por causa do estrangulamento do calendário. Os times mais fortes pagam o pato.

O Palmeiras por pouco não sentiu o peso das cobranças imediatas já no sábado, no pontapé inicial do campeonato. No primeiro tempo, ouviu vaias, quando estava em desvantagem diante do Linense. Transformou as reclamações em aplausos, com a virada na segunda etapa. O São Paulo não teve sorte semelhante e precisou engolir a bronca do público dele, descontente com o desempenho na derrota por 2 a 0 para o Bragantino.

A reação negativa dos tricolores comporta implicância e justificativa ao mesmo tempo. A intolerância se explica por si só: tratava-se da exibição de estreia da equipe, apenas 11 dias depois de o elenco retornar das férias. Não se pode exigir eficiência, regularidade, afinação em tão breve tempo. E não cola a conversa de que jogador recebe fortunas, é tratado a pão de ló e que não faz outra coisa na vida. Portanto... Portanto, nada. A profissão tem o físico como ferramenta indispensável. Se emperrar, não funciona nada.


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O desconto para a impaciência fica para o medo. Sim senhor, o são-paulino se preocupa, logo de cara, porque viu passar, em Bragança Paulista, o filme de terror B e medonho de 2013, ano em que se enfileirou uma sucessão de fiascos. A moçada que entrou em campo era praticamente a mesma da temporada anterior, com futebol de arrepiar igualmente inalterado. Luis Ricardo como novidade é pouco. E houve até algum cara de pau que ensaiou dizer que Cañete também era alternativa para Muricy Ramalho. Aí é demais!

Não há como negar que o São Paulo foi repeteco de tantas jornadas infelizes de um período a ser esquecido. Com fatos manjados: vacilos defensivos nos gols, pouco apoio dos laterais, meio-campo nada imaginativo e Luis Fabiano sem pontaria. A turma só se abalou depois da desvantagem duplicada. Daí, chutou, correu mais e obrigou Rafael Defendi a boas intervenções.

Não gosto de rótulos, nem de previsões entusiasmadas ou nebulosas a partir de um jogo, sobretudo o de abertura. Seria ilusório derramar elogios e injusto descer a ripa. Mas a impressão deixada não foi nada bacana. E uma constatação óbvia se faz necessária: mais do que nunca, Muricy terá de usar o bordão que o caracteriza para evitar vexames em série. "Aqui é trabalho, meu filho!" Caso contrário, ele e rapaziada escorregarão nessa casca de banana em que se transformou o Paulistão.

A propósito: a cerimônia oficial de abertura, no Canindé, foi sem graça e kitsch. Ou melhor, pra ficar em linguagem direta, como se diria no Bom Retiro: cafona mesmo. Puxa vida, dava para fazer uma festinha mais bacana do que os bonequinhos e um monte de bandeiras. Parecia aquela solenidade antes de olimpíada colegial.

O futebol de Lusa e Corinthians compensou. Na primeira metade, houve velocidade e várias jogadas de ataque, a maioria do time de Mano Menezes. Não por acaso nesse período saíram os gols dos 2 a 1. O Timão 2014 tem cara, corpo e cacoetes de 2013, com mais vocação para o ataque. E que assim seja.

Eleição?!

Clubes paulistas reconfirmarão hoje Marco Polo Del Nero no cargo de presidente da FPF por mais quatro anos, na eleição em que aparece como candidato único. Ele está no poder desde 2003 e será ungido por aclamação pela assembleia geral, certamente como consequência da pujança das equipes e pelos estaduais impecáveis que a entidade organiza. Talvez não termine mais este mandato, pois pode levar seu estilo administrativo para a CBF, desde que consiga tornar-se sucessor de José Maria Marin, a quem acompanha aqui, ali e acolá.


  

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