Um vídeo quase clandestino 28/01/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Pois é… Se a Polícia Militar não pode agir porque passa a ser tratada pela imprensa como bandida, a população começa a tomar a tarefa para si.
Sim, leitor amigo, esse é o pior dos mundos.
Vejam/revejam este vídeo, feito pelo Estadão, mas quase clandestino. Sei lá por quê, a página online do jornal decidiu não lhe dar a devida visibilidade.
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Como se vê, um adepto da tal tática black bloc é descoberto por pessoas que estavam presentes a um show de black music. Na Praça da República. O rapaz é severamente espancado, linchado mesmo.
Em sua mochila, a polícia encontrou um estilingue, quatro sacos de bolinhas de gude, um capacete preto, um par de luvas e máscaras.
É, como se sabe, o uniforme dos black blocs.
Reitero: numa democracia, as forças de segurança, incluindo as polícias, detêm o monopólio do uso da força.
Se, por qualquer razão, o estado se mostra ineficiente para cumprir o seu papel, a sociedade, de forma desorganizada, toma essa tarefa para si.
E, aí, meus caros, vira a luta de todos contra todos.
A população de São Paulo e de boa parte das grandes cidades brasileiras não suporta mais esses caras.
É claro que não endosso a selvageria. Mas pergunto: não é exatamente essa a linguagem dos black blocs? A do confronto? A da violência?
Se os seguranças não tiram aquele infeliz de lá, é evidente que ele teria morrido.
A irresponsabilidade de certas áreas do Poder Público, da imprensa, do Ministério Público e da Defensoria acabará produzindo cadáveres.
Assim não, senhor William Santiago
E cumpre censurar também severamente a fala do sr. William Santiago, o tal que, sobre o palco, afirma:
“Nós demoramos muito para ter esse espaço; um espaço nosso, da black music, dos nossos afrodescendentes. Se eles ciscarem por aqui, vamos dar porrada neles. Vamos dar porrada. Eles não entram mais aqui”.
É evidente que o caminho não é esse. É evidente que não é com o estímulo á violência e à pancadaria que as coisas se resolvem. E agora uma questão que diz respeito ao jornalismo.
Jornal Nacional?
Um vídeo como esse merece ou não ir para o Jornal Nacional?
Alguém dirá, cheio de prudência: “Melhor não! Pode incentivar a população a quebrar esses caras”.
Entendo.
Mas tenho de perguntar: quando as TVs -- não só a Globo -- cobrem muitas vezes ao vivo os atos terroristas desses vândalos, dando-lhes visibilidade, não estaria contribuindo para lhes conferir uma importância política que não têm?
É uma questão a ser pensada. Tudo o que eles querem é uma “assinatura” na baderna.
Escrevi aqui no dia 23 para protesto de alguns:
“A população de São Paulo — ESPECIALMENTE OS MAIS POBRES — gosta é de ordem e de polícia cumprindo a sua função. Quem gosta de bagunça é subintelectual do miolo mole, militantes de esquerda e, infelizmente, alguns coleguinhas.”
Muita gente protestou. Nesse mesmo texto, aconselhei:
“As redações deveriam enviar seus repórteres para fazer um treinamento intensivo com o “povo” -- mas povo mesmo, de verdade, o que exclui as entidades e ONGs de militantes usurpadores, que pretendem falar em seu lugar.”