A carnificina no DF 03/02/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
A escandalosa violência no Distrito Federal, a região com a maior renda per capita do país, é a prova mais cabal da falência do petismo em matéria de segurança pública.
Já demonstrei aqui, na sexta, o que se passa nos estados governados pelo PT. É claro que não são os únicos violentos do país -- a unidade da Federação que lidera em número de mortos por 100 mil habitantes é Alagoas, governado pelo tucano Teotônio Vilela Filho.
Pode-se acusá-lo de não ter resolvido a questão, historicamente escandalosa. Ocorre que, no caso do petismo, dá-se algo um pouco diferente: nas mãos de seus “especialistas”, a violência explode. O caso mais gritante, nesse sentido, é a Bahia.
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O Distrito Federal merece destaque porque a área é localmente governada pelo PT -- Agnelo Queiroz -- e está, obviamente, sob a proteção federal porque ali está a sede administrativa do país, também nas mãos do partido.
O que estou dizendo, meus caros, é que o cheiro de sangue chega ao gabinete de Dilma. O cheio de sangue chega ao gabinete de José Eduardo Cardozo -- que, pateticamente, disse que poderá colaborar se o governador lhe pedir ajuda.
É mesmo? Então ele não está vendo o que se passa à sua volta?
Provavelmente, não! Essa gente anda protegida com tantos seguranças que coisas assim não parecem urgentes.
Que é que há? Então o Distrito Federal teve, em 2012, 32,1 Crimes Violentos Letais Intencionais por 100 mil habitantes (o CVLI inclui latrocínios e homicídios dolosos), quando a média brasileira, que já é escandalosa, foi de 25,8, e o governo federal, que está ali, no caldeirão, não se interessou pelo caso? Os números são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Mata-se no Distrito Federal, proporcionalmente, quase o triplo do que se mata em São Paulo, e todos decidiram silenciar?
E que se note: em 2012, a PM do DF ainda não estava fazendo a tal “Operação Tartaruga”, como faz agora.
O peso da demagogia
Ah, meus caros, eu já tratei desse assunto aqui faz tempo, sabem? Vou ter de refrescar a memória de vocês. A PM do Distrito Federal é a mais bem paga do país. O dinheiro sai dos cofres federais.
Adivinhem quem está na raiz do proselitismo em porta de quartel…
No dia 8 de maio de 2008, o Apedeuta assinou a Medida Provisória 426, que concedia reajuste de 14,2% aos 28 mil policiais militares e bombeiros do Distrito Federal, extensivo aos que já estavam na reserva. O aumento era retroativo a fevereiro, e o atrasado, pago numa vez só.
O piso dos coronéis da PM do DF passou, aquele ano, para R$ 15.224, e o dos soldados, R$ 4.117. Hoje, deve ser maior. Pesquisem aí.
Por que por Medida Provisória?
Justamente porque os gastos com segurança, saúde e educação do Distrito Federal são bancados por um Fundo Constitucional. Vale dizer: saem dos cofres da União! Fez-se uma grande festa em Brasília.
O “Arruda” a quem Lula se refere é aquele mesmo, o então governador José Roberto Arruda, que já estava nas malhas da Polícia Federal e seria destruído pelos petistas no ano seguinte.
Não que não merecesse, como se sabe. A população do DF é que merecia saber quem era o petista Agnelo Queiroz, né?
Esse aumento à PM, diga-se, está na origem da tal Proposta de Emenda Constitucional nº 300, a PEC 300. Ela iguala o salário das Polícias Militares de todos os estados ao que se paga no Distrito Federal. E se tornou uma espécie de fomentadora continuada de revoltas das polícias Brasil afora.
Como os estados não teriam condições de arcar com o custo, o texto transfere para o governo federal o peso do reajuste.
Dilma conseguiu, até agora, impedir a sua aprovação.
Irresponsáveis
Quando os benefícios foram concedidos, com o proselitismo que se vê, não se estabeleceu um programa de metas para a redução da violência, por exemplo -- e o Distrito Federal, em 2008, já exibia índices alarmantes.
Estava na cara que algo de muito ruim se passava por lá.
E, como o PT não aprende, no vídeo, vocês veem Agnelo Queiroz fazendo proselitismo numa reunião de policiais e bombeiros, durante a campanha eleitoral.
Assombro
Os leitores sabem o que eu penso. Sou contra greve de funcionário público. A razão é simples: quem paga o pato é o povo. E, obviamente, sou especialmente contrário a manifestações grevistas e assemelhados de policiais. Gente que é armada pelo estado, entendo, não pode ter esse direito.
Atenção, meus caros, o número de mortes violentas no Distrito Federal chegou a 73 no mês passado.
É um escândalo? É, sim, mas tenho algo a lhes dizer: já era antes. Em 2012, houve 839 mortes violentas no DF -- e não havia Operação Tartaruga: uma média de 70 por mês.
Não é de hoje que a situação está fora de controle. Atenção, segundo o Mapa da Violência, no ano em que Lula concedeu aquele grande reajuste à PM, 2008, a taxa de homicídios no DF era de 34,1 por 100 mil habitantes. No ano seguinte, saltou para 39,2, caindo para 34,2 em 2010, mas ainda superior à de 2008.
Não há dinheiro que compense a incompetência, e não há mal que a demagogia não possa tornar pior. Com a palavra, o sempre loquaz José Eduardo Cardozo.