O Brasil, virou sucursal da ilha-presídio? 06/02/2014
- Blog de Augusto Nunes - Veja.com
Em 23 de agosto de 2013, Luis Inácio Adams, chefe da Advocacia Geral da União, negou enfaticamente que a importação de jalecos cubanos poderia entrar em colisão frontal com a Lei Áurea.
“Não há que se falar em trabalho escravo, como tentou se estabelecer”, discursou o advogado-geral do programa Mais Médicos.
”Quando o médico cubano sai de seu país, ele recebe uma suplementação a mais por essa saída”, prosseguiram os pontapés na verdade e na língua portuguesa.
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“Quando ele chega ao Brasil, ele recebe uma parte da contraprestação que o Brasil dá a Cuba. Parte é destinado ao médico e parte destinado ao estado cubano”.
Adams também garantiu que a ideia de escapar do regime liberticida nem passava pela cabeça de qualquer doutor nascido e criado sob o jugo dos Irmãos Castro.
“Eles vêm como profissionais, são participantes de um programa”, recitou o chefe da AGU.
E se algum deles resolvesse desertar e pedir asilo ao governo brasileiro?, insistiu um jornalista.
A resposta veio embrulhada em dilmês de botequim:
“Se essa hipótese, que acho que não deve acontecer, mas se vier a acontecer, será tratada pelo Brasil no âmbito do tratado internacional que ele tem com os demais países. São pessoas que vieram em cima de um acordo, de um programa. Me parece que eles são detentores dessa condição de permanência”.
Confusos com o falatório trôpego, outros repórteres foram direto ao ponto: se quisesse, um médico cubano poderia refugiar-se no Brasil?
“Todos os tratados, quando se trata de asilo, consideram situações que configurem ameaça por razões ordem política, de crença religiosa ou outra razão”, escorregou o advogado do Planalto.
“É nessas condições que você analisa as situações de refúgio. E, nesse caso, não me parece que configuraria essa situação”.
Tradução: se alguém desertasse, seria deportado para Cuba. “Mas isso não vai acontecer”, reiterou Adams.
“Eles vêm em cima de compromissos. Não são pessoas que entraram voluntariamente no país, fugindo”.
Passados cinco meses, a cubana Ramona Matos Rodríguez, 51 anos, aguarda no Congresso a resposta ao pedido de asilo.
O contrato que exibiu já comprovou que, com o programa Mais Médicos, o agora ex-ministro Alexandre Padilha se tornou uma Princesa Isabel na contramão.
A decisão sobre o destino de Ramona dirá se o Brasil ainda é uma nação democrática e soberana ou se virou sucursal de uma ilha-presídio.