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O Outro Lado Porque tudo tem dois, menos a esfera.

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Chegamos ao ponto sem retorno no Brasil?
23/02/2014 - Blog de Rodrigo Constantino - Veja.com

Será que o governo do PT foi tão incompetente na economia que levou o Brasil a um ponto sem volta?

Será que o aparelhamento da máquina estatal foi tão grande que criou um impasse de governabilidade para qualquer próximo gestor?

São questões em aberto, que o economista Rubem Novaes tenta responder em artigo publicado na Folha. A conclusão do autor não é das mais confortantes:


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Com este quadro, temos configurado um primeiro risco de natureza econômica e política para o país. É tanta gente empregada pelo Governo, ou com interesses em um Governo forte, que poderemos ter um Estado expansionista para sempre, eliminada a perspectiva de alternância de viés político-ideológico, diante da vontade, transformada em votos, de uma majoritária e crescente parcela da população dependente dos dinheiros públicos.

Outro risco iminente é o de eliminação da alternância de partidos no poder. Se uma facção política despudorada está no governo e não tem escrúpulos em ocupar, com a militância, os órgãos de Estado e de usar a força destes para a obtenção de apoios do eleitorado, da classe política e de parcela do empresariado e da imprensa, é muito forte a perspectiva de que se perpetue no poder. Aproxima-se, assim, o “point of no return”, a partir do qual só mesmo uma monumental crise econômica seria capaz de modificar as tendências estabelecidas.

Posto isto, é forçoso reconhecer que talvez tenhamos, nas próximas eleições presidenciais, a última chance de alterar o rumo de uma triste história.


São palavras duras, sem dúvida. Mas como negar que fazem todo sentido?

Como negar que o avanço de uma quadrilha sobre o estado levou a uma situação de impasse evidente?

Imaginem mais 4 anos de aparelhamento, de avanço sobre as instituições republicanas, de compra de votos, e de incompetência na gestão da economia.

Imaginaram?

Então vejam a Argentina de hoje, ou pior: a Venezuela.

É esse o alerta feito pelo autor. E se trata de um alerta válido. Mas Rubem, apesar do tom alarmista, deposita razoável fé no poder do mercado para disciplinar governos incompetentes.

Uma crise econômica de grandes proporções seria, portanto, a única ou principal arma contra governos deste tipo.

Há um porém: como a História nos ensina, muitas vezes nem mesmo crises econômicas severas são capazes de reverter um quadro político podre.

O PRI ficou 70 anos no poder no México, apesar de várias crises econômicas.

A ditadura cubana está há mais de meio século dominando a ilha caribenha apesar de toda a miséria.

O regime soviético durou mais de 70 anos e faltavam produtos básicos nas prateleiras.

O chavismo já domina a Venezuela há anos em meio ao caos social. E por aí vai.

Logo, até mesmo a parte alvissareira no artigo sombrio do economista pode ser, no fundo, um arroubo de otimismo.

Ao afirmar: “a partir do qual só mesmo uma monumental crise econômica seria capaz de modificar as tendências estabelecidas”; poderíamos rebater: às vezes nem mesmo uma crise econômica monumental é capaz de modificar as tendências.

A economia, ao contrário do que dizem os economistas, não é tudo!

  

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