Fogo amigo 25/02/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
A presidente Dilma Rousseff afirmou, em Bruxelas, que é inútil a imprensa brasileira tentar criar uma conflito entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Será que os jornalistas andam mesmo fazendo esse tipo de fuxico?
Antes fosse assim, não é? Seria melhor para a presidente Dilma e, em certa medida, para o país.
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É evidente que a imprensa brasileira tem mais o que fazer do que se dedicar a fuxico que possa indispor o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a atual mandatária da nação.
Para a má sorte da presidente, quem anda investindo no conflito são os muitos braços que Lula mantém na Presidência da República.
Lula tem recebido, como sabem, uma verdadeira romaria de empresários e políticos para ouvir reclamações sobre o governo. E, o que é pior para Dilma, tem concordado com os interlocutores.
A presidente, é claro!, não pode admitir isso de púbico, então, para todos os efeitos, a culpa recai sobre os ombros largos dos jornalistas.
Em Bruxelas, na Bélgica, disse a presidente aos repórteres, segundo informa a Folha:
“Eu acho que vocês podem de todas as formas criar qualquer conflito, barulho ou ruído entre mim e o presidente Lula, que vocês não vão conseguir. Eu e o presidente Lula não temos divergências, a não ser as normais”.
Dilma sabe que não é assim. E os jornalistas também sabem que estão cansados de ouvir lulistas e dilmistas reclamando uns dos outros, embora ninguém se atreva a dar a cara a tapa.
Nos bastidores, a presidente é a mais furiosa com o clima de fofoca permanente.
Querem um exemplo? Pois não!
No domingo, a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA, e a Confederação Nacional da Indústria, a CNI, ofereceram um jantar a Dilma lá em Bruxelas, no Hotel Steigenberger.
Ela foi àquele país participar da reunião de cúpula Brasil-União Europeia. Os empresários estavam justamente incitando a presidente a fechar um acordo com os europeus. Se possível, no âmbito do Mercosul; se não, que o nosso país desse início a uma negociação bilateral.
O encontro foi cordial.
Uma influente coluna de política no Brasil, no entanto, publicou nesta segunda que tanto CNI como CNA estão mobilizadas em favor da volta de Lula.
É apenas mentira.
E aqui cumpre lembrar algumas coisas. O Mercosul é uma desgraça para nós. Impede o Brasil de fazer acordos com outros países porque ou todo mundo topa, ou ninguém faz.
“Todo mundo” quem?
Os membros que compõem o bloco: Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai, que, por enquanto, está suspenso.
Estão em curso no mundo 354 acordos bilaterais, metade deles firmada de 2003 a esta data. O Brasil assinou só três e mantém apenas um: com Israel. Os outros dois, com a Palestina, calculem vocês, e com o Egito, não deram certo.
Os EUA estabeleceram nada menos de 14 e estão prestes a fechar um pacto gigante com a União Europeia, que participa de 32, que pode nos empurrar para a periferia do mundo. A China, com a importância que assumiu no planeta, já assinou 15.
Lula não é o pai do Mercosul, mas está na origem da política comercial caduca vigente, que condena o país ao atraso.
Os empresários da indústria e do agronegócio estavam pedindo a Dilma, no domingo, que mude o rumo dessa prosa.
No Brasil, no entanto, a notícia que circulou é que estão reivindicando a volta do ex-presidente.
Então encerro agora com um recado direto a Dilma: sabe, presidente, quem plantou a falsa informação?
Não foram os jornalistas, não, mas petistas ligados ao sr. Luiz Inácio Lula da Silva.