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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Lepo Lepo e o grito contra o capitalismo
03/03/2014 - Blog de Roodrigo Constantino - Veja.com

Não sei o que é “Lepo Lepo”, muito menos quem é Márcio Victor. Jamais escutei falar na banda baiana Psirico.

Mas reconheço que é ignorância minha. Pelo que vi, fazem um sucesso danado por aí, Brasil afora.

Não dá para se manter atualizado em tudo. Há que ser seletivo. Cada um com suas preferências.


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Por que, então, resolvo falar de “Lepo Lepo” aqui?

Porque notei que tomou as redes sociais uma declaração feita pelo cantor, de que o “Lepo Lepo” seria um “grito contra o capitalismo”.

Diz a letra: Eu não tenho carro, não tenho teto e se ficar comigo é porque gosta do meu lepo lepo.

Mas o que significa o Lepo Lepo, afinal?

“É o amor. É uma forma baiana de dizer do meu amor, do meu carinho”, explica o cantor à CARAS Digital.

“Acho que cada um vê de um jeito, as crianças veem de um jeito inocente, a turma mais jovem leva para a azaração e tem a turma do lelelê”, diverte-se Márcio.

“É uma forma de gritar não ao capitalismo e sim ao amor. Acredito que mulher de verdade prefere o lepo lepo. Tem muita mulher que prefere o dinheiro, bens materiais. No meu caso não tenho nada disso. Comigo é amor, alegria e diversão”,garante o cantor de 34 anos, que está solteiro. “Mas pretendo ter uns 11 filhos”, conta rindo.

Por que gritar não ao capitalismo?

Será que o cantor pensa que no capitalismo toda mulher deve ser… interesseira?

Será que ele confunde capitalismo com materialismo vulgar?

Será que considera capitalismo antagônico ao amor?

Nelson Rodrigues dizia que o dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro. Brincadeira (ou não) à parte, o capitalismo é apenas o modelo que permite ampla liberdade aos indivíduos, donos de suas propriedades, exercendo suas escolhas, suas preferências subjetivas em trocas voluntárias no livre mercado.

No capitalismo, há espaço para tudo, para o amor verdadeiro, e para a prostituição, pois o mercado, nesse aspecto, é amoral.

Engana-se quem pensa que no socialismo isso não existe.

A capital mundial da prostituição já é Havana, acima de Bangcoc.

Os socialistas quiseram acabar com a ganância e o individualismo acabando com a liberdade, a propriedade e o mercado. Geraram apenas miséria e escravidão.

É o capitalismo que permite até mesmo um fenômeno como o “Lepo Lepo” (calma, capitalistas, não joguem pedras no sistema, esse é um preço a se pagar pela liberdade e prosperidade).

No capitalismo, você pode comprar músicas de Beethoven, Mozart e Bach por menos de um dólar. E pode, também, comprar “Lepo Lepo”.

O cantor afirma que não tem carro, dinheiro, nada disso, e que espera conquistar a mulherada com seu “Lepo Lepo”, gritando contra o capitalismo.

Mas é o capitalismo que vai lhe dar os recursos para que possa comprar carros e ter muito dinheiro com o sucesso da música.

Estivesse ele em Cuba ou na Coreia do Norte, ele nem poderia ter liberdade para produzir uma música dessas, e depois não poderia se apropriar dos benefícios dela se tivesse a permissão.

Por essas e outras que Roberto Campos foi tão preciso em seu resumo:

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar -- bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola…”

E agora, como prova de que o alienado sou eu (e você, leitor), veja que o vídeo do “Lepo Lepo” já teve quase 4,5 milhões de visualizações até agora.


  

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