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De Última! Só lendo para acreditar

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Isso é lindo!
05/03/2014 - J.R. Guzzo - revista Veja

A tolerância é sem dúvida uma das mais belas virtudes do ser humano e, também, uma das mais úteis -- sua aplicação já salvou este mundo de uma infinidade de sofrimento, guerras e toda a coleção de misérias que só o homem tem talento suficiente para inventar.

Seu problema, como ocorre com tantas outras virtudes, é que está disponível ao público em duas versões, a legítima e a falsa.

A tolerância, quando falsificada, pode passar muito rapidamente de coisa do bem a coisa do mal, ao se transformar em covardia, apatia moral e cumplicidade com o erro.


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Nesses casos, em vez de agir em favor da paz, apenas serve de estímulo a quem age em favor da guerra.

Poucas vezes o Brasil teve a oportunidade de viver com tanta clareza esse tipo de situação como nos dias de hoje, quando muita gente capaz dos melhores sentimentos permitiu que uma atitude legítima -- a de aceitar tumultos de rua em nome do direito de expressão -- degenerasse na aprovação geral de condutas doentias.

Da “compreensão” passaram para a simpatia, da simpatia para o apoio e do apoio para o incentivo aberto a ações descritas como criminosas pelo Código Penal -- incluindo, ao fim da linha, o homicídio.


Os responsáveis são os de sempre -- intelectuais, cidadãos apresentados como pensadores, essa nebulosa chamada “esquerda”, artistas, funcionários da área de telenovelas da Rede Globo etc.

Embora a baderna só lhe cause prejuízo, o governo também fica a favor dos “manifestantes”, por oportunismo compulsivo.

A imprensa, rádio e televisão, em grande parte, se aliaram à manada: há oito meses, desde que a violência explodiu nas ruas, repetem que a grande culpada por tudo é a “brutalidade policial”, e que os atos de destruição durante as arruaças são “episódios isolados”.

Até o recente assassinato de um colega no Rio de Janeiro, o cinegrafista Santiago Andrade, a maioria dos jornalistas tinha o cuidado de chamar os agressores de “ativistas”, “militantes” etc. e nunca daquilo que realmente são.

O assassinato de Andrade, cometido por dois marginais a serviço da “nossa luta”, desarrumou a cabeça de quem tinha optado pela complacência diante da atividade criminosa praticada nas ruas contra a democracia.

O que vão dizer agora?

O que já disseram é bem sabido.

“O anarquismo é lindo”, opinou o compositor Caetano Veloso.

A ministra Luiza Bairros, titular da área de Igualdade Racial da Presidência, falou em “agenda libertadora”.

O senador Eduardo Suplicy, do PT, disse que a violência cometida por bandos de delinquentes era “quase romântica” e motivada por “boas intenções”.

O que poderia haver de romântico no assassinato de um cinegrafista?

A atriz Camila Pitanga, num desses vídeos da internet que anunciam o fim do mundo, não deu sorte: revelou seus temores de que “alguém” viesse a morrer uma hora dessas, mas quem matou foi a turma que ela julgava estar em perigo de vida.

Uma colega, no mesmo vídeo, disse que a destruição era justa porque visava a “alvos simbólicos”.

Em Brasília, diante de uma tentativa do MST de invadir o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi à rua “negociar” com os chefes desse desatino.

Negociar o quê? Se poderiam, por gentileza, fazer o obséquio de não invadir o Supremo?

Carvalho deu sua bênção à baderna.

“Tem de pressionar mesmo”, disse ele.

De que lado o homem está?

A OAB do Rio já deixou clara sua opção, ao anunciar a prodigiosa doutrina segundo a qual os “manifestantes” têm todo o direito de levar armas às ruas, para “defender-se da violência” policial.

O horizonte não parece promissor.

Na arruaça de Brasília, houve 42 feridos; trinta eram da polícia.

O marginal flagrado atacando um PM com um estilete, em São Paulo, está solto.

Na verdade, após oito meses de agressão à ordem, há apenas um preso -- além dos dois assassinos de Andrade.

Mas a simpatia com a “nossa luta” continua de pé, como mostra o tratamento de celebridade dado à “ativista” Elisa Quadros, que frequenta a obscura fronteira entre o crime, a polícia e os arrabaldes de partidos nanicos da extrema esquerda.

Ela exerce algum tipo de comando nos “black blocs”; também é chamada de Sininho e tida como “cineasta”, além de exercer as funções de “musa”.

A moça, entre outras coisas, sustenta que a culpa pela morte do cinegrafista foi, no fundo, dele mesmo, por não ter usado um capacete de proteção durante o quebra-quebra em que foi assassinado.

Essa alucinação, acredite quem quiser, é levada a sério por muita gente -- a começar pela OAB.

Lindo, não?


  

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