Milícias e patrulhas 06/03/2014
- Blog de Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
Um blogueiro que nem vive no Brasil protestou contra charges de Chico Caruso. Certo, está no seu direito.
Mas não está no seu direito quando diz que, por se opor ao pensamento que ele, blogueiro, defende, estará sujeito a ser “escrachado” -- ou seja, exposto a patrulhas que o seguirão em sua casa e em seu trabalho, violando sua intimidade, ameaçando-o e incomodando sua família, amigos e vizinhos.
Um grande número de pessoas rejeitou os comentários de Raquel Scheherazade, a âncora do SBT, a respeito de reações selvagens ocorridas quando um ladrão é dominado pela vítima, ou por gente que passava no local.
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Protestar contra a posição de Raquel Scheherazade é um direito incontestável (este colunista também não concorda com ela).
Mas usar redes sociais para promover manifestações contra a âncora em seu ambiente de trabalho, obrigando a emissora a tomar precauções para evitar conflitos físicos -- o que incluiu alertar a Polícia -- definitivamente é deixar o fanatismo ultrapassar a inteligência.
No caso de Raquel, não funcionou: dos vinte mil que se comprometeram a protestar contra ela, não apareceu ninguém -- nem os organizadores da manifestação, que pelo jeito pretendiam fazer o papel de Tiradentes, mas com o pescoço de seus seguidores.
E um caso gravíssimo: o filósofo Olavo de Carvalho, ídolo de uma parcela de opinião pública frontalmente contrária ao Governo federal, autor de "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", está sendo atacado por hackers, para que sua opinião não possa ser divulgada na Internet.
Os adversários consideram que Carvalho defende teses autoritárias -- e por isso, autoritariamente, querem cassar-lhe o direito de expô-las.
Para isso, estão usando até computadores baseados em outros países; e obrigaram Carvalho a pedir abertura de inquérito.
Este clima de exacerbação de ânimos já ocorreu em outras ocasiões.
Muitos de nós já viram este filme e sabem como termina: os cidadãos são as vítimas.