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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Em vídeo, Dilma aparece como cúmplice de mortes, pancadaria e tortura na Venezuela
07/03/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

Os venezuelanos que estão indo às ruas protestar fizeram um vídeo para correr o mundo. Em poucas horas, enquanto escrevo, já foi acessado mais de 130 mil vezes.

Nele, a presidente Dilma Rousseff aparece como cúmplice de assassinatos, de espancamentos, de tortura, de prisões arbitrárias.

Pior: isso tudo é verdade. Uma jovem explica, em espanhol, com legenda em inglês, por que a população está na rua. Traduzo um trecho:


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– porque estamos cansados de enfrentar longas filas para comprar leite, farinha, açúcar, óleo e papel higiênico;

– porque um venezuelano é assassinado a cada 20 minutos;

– porque nos matam para roubar um telefone celular;

– porque não temos como saber o que se passa em nosso próprio país desde que o governo censurou ou fechou os meios de comunicação independentes;

– também protestamos porque estudantes e líderes políticos estão presos apenas por discordar do governo;

– não é justo viver assim.


E aí vem o momento constrangedor. A estudante venezuelana afirma que tudo isso se passa sob o silêncio cúmplice dos governos da região.

Nessa hora, a imagem que aparece é a da presidente Dilma Rousseff. Veem-se cenas impressionantes da truculência das forças de repressão.

O vídeo termina com um pedido: “Compartilhe com seus familiares, amigos e colegas de trabalho. Nós, os venezuelanos, precisamos de vocês”.

Assisti e, confesso, ao ver a imagem da presidente Dilma como uma das cúmplices da barbárie, senti vergonha.

Vejam e depois e espalhem Brasil e mundo afora. Volto em seguida.

Mais mortos

No post que escrevi ontem de manhã, informei que Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, havia incitado as milícias chavistas a bater nos manifestantes.

Essa informação só aparece hoje na imprensa brasileira, quando já se conhecem as consequências de seu convite.

É que eu tinha lido no fim da noite de quarta detalhes de seu discurso na homenagem que fez a Chávez. Ele recorreu a uma expressão que, na verdade, é do ditador defunto.

Dirigindo-se às milícias, recomendou: “Candelita que se prenda, candelita que se apaga”.

Traduzindo: “Chama que se acende, chama que se apaga”.

Traduzindo de novo, mas agora na linguagem da truculência que toma conta do país: a cada vez que manifestantes de oposição saírem às ruas, as milícias devem enfrentá-las e neutralizá-las imediatamente.

É coisa de delinquente.

O relato do jornal El Universal do que se deu nesta quinta é aterrador.

No fim da manhã, um grupo de motoqueiros chavistas chegou para retirar o bloqueio de uma rua do bairro Los Ruices.

Os moradores deram início, então, a um panelaço para protestar contra a ação desses motoqueiros, que começaram a lançar garrafas e pedras contra os apartamentos.

Chegaram, em seguida, os milicianos armados com pistolas e coquetéis molotov. Houve tentativa de invasão de edifícios residenciais, rechaçadas pelos moradores a garrafadas.

Um dos fascistoides chavistas jogou uma bomba incendiária contra um veículo, que pegou fogo. Os bombeiros chegaram e foram agredidos pela canalha.

A Guarda Nacional interveio. O conflito resultou em duas mortes: um sargento de 21 anos e um mototaxista, de 25. Só os milicianos portavam armas.

Agora já são 21 os mortos desde o início do conflito. Muita gente foi presa. Enquanto escrevo, não se sabe o número.

É evidente que Nicolás Maduro é responsável por essas mortes.

O que esperar de um país em que é o presidente da República a pregar o confronto de rua, especialmente quando se sabe que os brucutus do chavismo foram armados pelo próprio governo?

É esse o regime que Dilma endossa ao afirmar que a posição do Brasil é aquela expressa na nota criminosa emitida pelo Mercosul.

Que figure como cúmplice de mortes, pancadaria e tortura, convenham, é mais do que justo.


  

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