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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

A compulsão para sujar as mãos
24/03/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

Já não há mais dúvida, a ata veio a público, e parte da operação desastrosa, que levou a Petrobras a comprar 50% da refinaria de Pasadena, nos EUA, está esclarecida: em 2006, a direção executiva da Petrobras omitiu do Conselho de Administração da empresa, presidido por Dilma Rousseff, as cláusulas Marlim e “Put Option” do contrato com a empresa belga Astra Oil: a primeira garantia aos belgas um rentabilidade de 6,9% ao ano, pouco importava o resultado da refinaria, e a segunda obrigava a Petrobras a comprar os outros 50% no caso de haver desentendimento entre os sócios.

Que tipo de gente é essa que garante a um sócio 6,9% de rentabilidade independentemente do desempenho do empreendimento?

A Petrobras se comportou como um banco de investimento como não há em lugar nenhum do mundo: vende rentabilidade sem risco, com juros prefixados, independentemente das condições de mercado.


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É claro que não poderia dar em outra coisa.

Some-se a isso a obrigatoriedade de a empresa comprar os outros 50% da refinaria, e o resultado é aquele que já sabemos: um prejuízo de US$ 1,18 bilhão.

Quando se diz que o “eu não sabia” de Dilma não se justifica, já escrevi aqui e volto a fazê-lo, não se está a falar da conselheira Dilma Rousseff, mas da ministra da Casa Civil, que era, inequivocamente, a chefe do setor energético brasileiro.

Era ela quem dava as cartas -- era, afinal de contas, a mãe do PAC.

Sem que a Petrobras pudesse garantir a rentabilidade, a Astra jogou o contrato na mesa já em 2007 e pediu que se aplicasse a cláusula “Put Option”, já que a “Marlim” não estava sendo respeitada, e a Petrobras não estava oferecendo os tais 6,9% de rentabilidade.

Os belgas queriam impor à empresa brasileira a compra da outra metade.

De fato, o assunto foi parar no Conselho, e a conselheira e ministra Dilma Rousseff decidiu que era o caso de enfrentar a Astra na Justiça.

Assim, a agora presidente tinha ciência das barbaridades desde 2007.

Sobra a pergunta óbvia: por que não fez nada?

Quem preparou as justificativas técnicas para a compra da refinaria de Pasadena foram o então diretor da Área Internacional, Nestor Cerveró, e Paulo Roberto Costa, que era diretor de Refino e Abastecimento.

É aquele senhor que foi preso pela PF na Operação Lava-Jato, que apura a lavagem de dinheiro no valor de R$ 10 bilhões.

Gente fina!

Se Dilma sabia de tudo desde 2007, por que Cerveró e Costa continuaram na empresa?

Atenção!

O ex-diretor que agora está preso -- e não foi por causa do rolo de Pasadena -- só deixou a Petrobras em março de 2012, há meros dois anos.

Cerveró migrou para a direção financeira da poderosa BR Distribuidora.

Dilma não tomou iniciativa para investigar a lambança quando presidia o conselho e não o fez também depois de presidente da República, quando a Petrobras se viu obrigada pela Justiça americana a comprar, sim, a outra metade da refinaria por US$ 820,5 milhões, que se somaram aos US$ 360 milhões que já haviam custado os primeiros 50% da empresa.

A Petrobras virou o símbolo da atuação desastrada e desastrosa do lulo-petismo.

Em 2010, a empresa estava avaliada pelo mercado em R$ 380 bilhões; hoje, vale R$ 179 bilhões -- um tombo de mais de R$ 200 bilhões. Era a 12ª maior empresa do mundo; hoje, é a 120ª.

Um pouco de memória

No dia 4 de outubro do ano passado, publiquei aqui um post sobre os problemas enfrentados pela Petrobras. Um deles era justamente a refinaria de Pasadena.

Nos 11 anos e três meses de gestão petista, muito especialmente nos oito em que Lula esteve à frente do governo, nenhuma área do governo -- ou empresa estatal -- teve uma gestão tão arrogante, tão autoritária e, ao mesmo tempo, tão ineficiente como a Petrobras -- e olhem que não se está falando exatamente de uma estatal.

Como se sabe, trata-se de uma empresa de economia mista.

Os desacertos foram se acumulando. Em vez de dar explicações quando confrontado com os problemas, o petista José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da gigante, demitido pela presidente Dilma em janeiro de 2012, respondia com grosserias e desaforos.

No seu aniversário de 60 anos, em 2013, a Petrobras teve duas péssimas notícias:

1) a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou as notas de crédito da estatal de A3 para Baa1 em razão do elevado endividamento (e, nesse particular, o governo Dilma tem uma parcela enorme de responsabilidade);

2) segundo relatório do TCU, o atraso na entrega do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj), no Rio, pode gerar um prejuízo para a empresa de R$ 1,4 bilhão.

A Petrobras encerrou 2010 devendo R$ 118 bilhões; no começo deste 2014, a dívida já se aproximava dos R$ 300 bilhões.

Parte desse rombo decorre de a empresa importar gasolina a um preço superior ao de venda no mercado interno.

Como a economia degringolou, é preciso segurar o preço dos combustíveis para que a inflação não dispare.

FotosNo dia 21 de abril de 2006, durante a inauguração da Plataforma P 50, em Campos, Lula repetiu o gesto de Getúlio Vargas, em 1952, e sujou as mãos de petróleo.

O populista do passado marcava o início da extração no Brasil; o petista comemorava a suposta autossuficiência do Brasil.

Pois é…

Na gestão petista, a Petrobras, que nunca foi exatamente um exemplo de transparência, transformou-se, de fato, numa caixa-preta.

Exemplos escandalosos de má gestão e de uso político da empresa foram se acumulando.

Em 2006, por exemplo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, tomou duas refinarias da Petrobras no país -- de arma na mão.

Se a empresa recebeu alguma compensação justa, ninguém sabe, ninguém viu.

Nem por isso o índio de araque deixou de ser um aliado e, na expressão de Lula, “um querido”.

Também em 2006, a Petrobras resolveu comprar a tal refinaria de Pasadena.

Acima, vão algumas das evidências de que a Petrobras foi mergulhando numa rotina de má governança.

Não para por aí: com a mudança do regime de exploração do petróleo de concessão para partilha, no caso do pré-sal, a empresa é obrigada a ser sócia das explorações, o que lhe impõe pesados investimentos.

Como investir se enfrenta um grave problema de caixa, que vai se agravar nos próximos anos, segundo a Moody’s?

Complexo Petroquímico

A Petrobras deveria ter inaugurado em setembro do ano passado o Complexo Petroquímico de Itaboraí, no Rio.

A previsão, agora, é que o empreendimento seja entregue só em agosto de 2016 -- com quatro anos de atraso.

Segundo o Tribunal de Contas da União, isso acarretará um prejuízo de R$ 1,4 bilhão.

A obra, inicialmente orçada em R$ 19 bilhões, não ficará por menos de R$ 26,6 bilhões.

Entre os motivos do atraso, o tribunal aponta irregularidades na instalação das tubulações, que ficou a cargo de uma empresa chamada MPE.

Só essa parte da obra foi orçada em R$ 730 milhões.

O cadastro da MPE nos arquivos da empresa não recomendava a sua contratação.

Mesmo assim, na licitação, ela venceu as concorrentes, embora tenha apresentado um sobrepreço, em relação às outras, de R$ 162 milhões.

O PT foi fundo na impostura, e a Petrobras serviu ao uso eleitoreiro mais descarado.

Em dezembro de 2009, Gabrielli teve a cara de pau de conceder uma entrevista afirmando que FHC havia tentado privatizar a Petrobras.

Trata-se de uma mentira escandalosa, escancarada, vergonhosa.

Nunca houve, INFELIZMENTE, nenhuma iniciativa de governo nenhum nesse sentido.

Já seria um despropósito que o presidente de uma empresa mista, nomeado pelo governo, fizesse proselitismo eleitoral.

Fazê-lo com mentiras era ainda pior.

Ficou por isso mesmo.

Já candidata, durante o debate eleitoral, em 2010, Dilma insistiu naquela cascata de Lula de que o pré-sal era o “bilhete premiado”.

Acusou José Serra, seu adversário tucano, que criticou o modelo da partilha porque impunha pesados desembolsos à Petrobras, de estar querendo entregar o “filé-mignon” para os estrangeiros.

E chamou, então, 57 anos de história da Petrobras de “carne de pescoço”.

Observem com que energia ela fala, com que convicção, com que sabedoria.

Vocês viram, na licitação do campo de Libra, quanta gente estava interessada no nosso “filé-mignon”…

Uma Petrobras rebaixada, endividada e encalacrada num modelo de exploração do pré-sal que lhe impõe um custo com o qual não pode arcar é, sem dúvida, uma obra inequívoca do PT.

As barbaridades maiores foram cometidas, sim, na gestão Lula, mas não se pode esquecer de que a gerentona do setor de energia era Dilma.

Para encerrar: tentou-se fazer um enorme escarcéu com os delírios de Edward Snowden e Glenn Greenwald, segundo os quais o governo americano teria espionado segredos da Petrobras.

Escrevi, então, que não havia mal que os gringos pudessem fazer à empresa que os governantes brasileiros não fariam, algumas vezes multiplicado, por sua própria conta.

Eis aí.

Ah, sim: no que deu a tal autossuficiência?

O déficit da conta petróleo em 2013 foi de US$ 20,277 bilhões.

Lula só sujou as mãos daquele jeito porque não conseguiu resistir.


  

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