MST se finge de povo e vai à rua, a serviço do PT 22/04/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
O PT não privatizou apenas a Petrobras, as estatais de maneira geral, os Poderes da República e as instâncias do estado. Na sua vocação para substituir a sociedade, para tomar o seu lugar, privatizou também o povo.
Nesta segunda, cerca de mil pessoas paralisaram por um tempo a Avenida Paulista, em São Paulo, defendendo que as empresas privadas sejam proibidas de doar dinheiro para campanhas eleitorais.
O ato foi promovido pelo MST e por um dos seus braços, um tal “Levante Popular da Juventude”, que nada mais é do que o próprio movimento, mas com uma pauta mais ampla do que só a reforma agrária.
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A turma, por sua vez, é uma extensão do PT; é a sua face, digamos assim, de esquerda.
O MST e o tal “Levante” se apresentam como grupos organizados da sociedade civil, que seriam independentes de partidos.
Falso como nota de R$ 3. Na verdade, a pauta que eles levaram para a rua nesta segunda é do comando do PT. E isso está documentado. Vamos ver.
No dia 10 deste mês, o Diretório Nacional do PT votou uma resolução contra a Emenda Constitucional 352 -- que propõe justamente uma reforma política.
O mais curioso é que o coordenador do grupo que elaborou esse texto é o deputado Cândido Vaccarezza, do PT de São Paulo.
Ocorre que a direção do partido não gostou. Por quê?
A emenda 352 propõe, por exemplo, o financiamento misto de campanha -- isto é: permite também as doações privadas.
A PEC 352 prevê ainda:
- fim do voto obrigatório;
- coincidência entre eleições municipais e federais e estaduais;
- para tanto, os prefeitos eleitos em 2016 teriam mandato de dois anos, podendo se recandidatar em 2018. E aí nada mais de reeleição no país!
Vaccarezza foi o coordenador de um grupo suprapartidário. O PT o desautorizou publicamente, e há até facções que pedem a sua expulsão do partido, que quer outra coisa:
- financiamento exclusivamente público de campanha;
- assembleia constituinte para fazer a reforma;
- voto em lista fechada.
Financiamento público, leitores, vocês sabem o que é: nós, os contribuintes, pagaríamos as campanhas eleitorais.
O voto em lista consiste no seguinte: perderemos o direto de escolher o vereador e os deputados estaduais e federais. Votaremos apenas no partido. E esse partido manda para o Legislativo pessoas que compõem uma lista fechada.
A cara de pau é de tal sorte que, na mensagem enviada aos militantes, a direção do PT escreve que “O Partido dos Trabalhadores elaborou um projeto de iniciativa popular”.
Ora, das duas uma: ou o projeto é de iniciativa popular ou é do PT. E, no caso, é do PT.
Assim, meus caros, a manifestação desta segunda não teve nada de “popular”. Foi um ato do partido.
Na quarta-feira, dia 16, a presidente Dilma voltou a pregar a reforma política e a falar num plebiscito.
Provavelmente, o tema irá parar na sua campanha eleitoral.
Se ela ganhar…
Uma coisa precisa ficar clara: se o financiamento exclusivamente público de campanha e o voto em lista forem aprovados, esqueçam!
O país ficará refém do PT por muitos anos. E aí nem é o caso de pedir que Deus nos acuda. Ele tem mais o que fazer.
Será bem mais fácil o diabo se interessar por nós.
E não custa lembrar. Já demonstrei aqui que a tese da proibição da doação de empresas a campanhas eleitorais -- esposada pela OAB -- é, originalmente, uma tese Roberto Barroso, ministro do Supremo.
Já há uma maioria formada de seis votos na tribunal em favor dessa excrescência, que nada tem de democrática.
Afirmei, então, aqui que a OAB e o ministro atuavam, objetivamente -- não entro nas intenções --, como braços do petismo.