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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Para além do Fla-Flu
30/04/2014 - Blog de Geraldo Samor - Veja.com

No mercado financeiro, assim como no País, há pessoas simpáticas ao movimento “volta Lula”, pois ele poderia trazer de volta o apoio do Planalto ao tripé macroeconômico que garantiu estabilidade e confiança durante o primeiro mandato petista: contas fiscais sadias, inflação domesticada e taxa de câmbio com uma flutuação limpa.

Há razões para essa nostalgia?

O economista Marcos Lisboa, o artífice das microrreformas do primeiro Governo Lula e hoje uma voz respeitada tanto na academia quanto nos mercados, coloca o dedo na ferida em artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje.


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Mostrando a distinção entre os governos Lula I e Lula II, Lisboa nota que, se o primeiro foi marcado por um discurso à esquerda combinado com uma gestão econômica conservadora, no segundo, “sobretudo depois de 2008, optou-se por outro caminho, o resgate do projeto alternativo do nacional desenvolvimentismo, intervencionista, protetor do capital nacional e crescentemente antagonista do contraditório”.

Esse projeto, obviamente, foi levado adiante pela Presidente Dilma e agora mostra-se exaurido.

A grande dúvida, diz Lisboa, “não é apenas a volta, mas a volta de quem, seja como fiador ou candidato. O pragmático ou o intervencionista?”

Com Lula sendo visto como “a bala de prata” do PT para tentar se manter no Poder, como disse ontem Marina Silva, este debate qualitativo é o que realmente interessa hoje a quem tem que tomar decisões de investimento que dependem do resultado eleitoral.

Dos escritórios da Faria Lima ao eixo Ipanema-Leblon, as reuniões dos gestores profissionais nas últimas semanas têm sido todas iguais:

“Compramos um pouco de Petrobras, acreditando na derrota do PT, no fim do aparelhamento, e numa política de preços mais realista?

"Ou compramos o dólar para nos proteger do desânimo empresarial que adviria de um segundo mandato de Dilma?”

(E, claro, a dúvida que mais atormenta: “E se ficarmos de fora e perdermos o barco, como vamos explicar isso aos clientes?”)

Como se vê pelo artigo de Lisboa, as perguntas não são tão simples assim, e as respostas, virtualmente impossíveis.


  

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