Festival de besteiras 14/05/2014
- Antero Greco - O Estado de S.Paulo
Tem tanta coisa chata por aí que é preciso procurar proteção para não se contaminar por baixo-astral. Como não sou besta, tão logo noto primeiros sintomas de mau humor, recorro à literatura de Stanislaw Ponte Preta, alter ego do jornalista Sérgio Porto.
Belíssimo antídoto, santo remédio contra as bobagens e pegadinhas do dia a dia.
Stanislaw deixou obra curta, porém marcante e clássica, na qual esbanja ironia e escracho contra baboseiras do cotidiano.
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Livrinhos divertidos são os que compõem a trilogia Festival de Besteiras que Assola o País, resumido na sigla "Febeapá".
As pérolas são da metade dos anos 1960, auge da carreira do autor (morto em 1968, novo pra caramba). Mas são atuais, se repetem até hoje.
Duvida?
Dei vasculhada rápida por jornais e sites e pesquei várias, só no futebol e ligadas à Copa. Se pesquisasse na política, enveredaria fácil pelo campo da galhofa.
A primeira tirei daqui do Estadão mesmo.
Aldo Rebelo, ministro do Esporte, teve entrevista publicada ontem, e nela falou do Mundial, inevitável.
Com sempre, defendeu o torneio, o legado, as coisas boas, etc e tal.
A certa altura disse que as obras de ampliação de aeroportos estão a todo vapor, mas não garante que estejam concluídas para o torneio.
Foi taxativo, no entanto, ao frisar que as que não estiverem em ordem agora "ficarão prontas logo depois".
Ah, bom, fiquei tranquilo.
Fonte inesgotável de sabedoria de febeapá é Jerome Valcke, o francês entojado que atua como fiscal das obras de nossa Copa.
Ele rebola no morde e assopra, uma no cravo, outra na ferradura.
Lembram do "chute no traseiro no Brasil"?
Depois, voltou atrás e disse que a expressão foi mal traduzida.
Dias atrás, alertou europeus para tomarem cuidado com nossa terra e não virem para cá com a ideia de que seja a Alemanha.
Não me diga!
Recomendou também aos torcedores gringos que não durmam na praia, porque é inverno.
Valcke sabe como são frias, gélidas, nesta época, as noites de Recife, Fortaleza, Natal, Manaus, Cuiabá, Salvador.
Após cada mancada, engata a ré, esclarece que não disse o que disse, enche a bola do país da "alegria e do samba" e revela que se prepara para curtir caipirinha.
Aliás, brasileiro não faz outra coisa na vida a não ser sorrir, dançar e encher a cara.
Tudo pau d'água.
Sei não, desconfio que Valcke irá para o Maracanã, no dia 13 de julho, com malas prontas.
Acabou o jogo, foram entregues os prêmios, se manda para a Europa para nunca mais voltar.
Sentiremos falta?
Bacanas mesmo as cartilhas que algumas embaixadas estrangeiras distribuíram para turistas interessados em vir aqui dar uma espiada no Mundial.