Pesquisa Ibope 21/05/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Há certas coisas que dão uma enorme preguiça porque revelam o padrão de sempre -- no fato ou no boato.
Comecei a ouvir -- atenção! -- no dia 18, em pleno domingão, que a próxima pesquisa Ibope trará números positivos para a presidente Dilma Rousseff e nem tão bons assim para os candidatos de oposição.
Aquela gente que faz campanha governista e que insiste em se fingir de jornalismo diz que ela pode ter um subido um pouquinho, e Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) ou teriam caído um pouquinho ou ficado onde já estavam.
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Mas seria o suficiente para indicar, então, que a petista parou de cair, e eles, de subir.
Pronto!
O que se quer é noticiar uma reversão de expectativas.
Então vamos ver.
O Ibope, de fato, está em campo.
A pesquisa Sensus que indicou que Aécio havia crescido, e Dilma, murchado foi atacada pelo PT porque
a) foi registrada pelo próprio instituto;
b) o registro se deu depois do início do campo.
Muito bem.
Vejam os dados do levantamento do Ibope no site do TSE.
Como se nota, tem registro do próprio instituto, feito no dia 17 de maio, dois dias depois do início do levantamento, que vai durar… 8 dias!
Até aí, bem. O que me espanta é que circulassem boatos desde o dia 18 sobre um resultado positivo para Dilma, sendo que o campo havia começado no dia 15 e só vai terminar… amanhã!
Pois é…
A pesquisa do Ibope coincide, e é apenas um fato, com a propaganda do PT no horário político, as tais peças terroristas em que o medo pretende vencer a esperança.
É a segunda coincidência.
A pesquisa que o Instituto fez para a Confederação Nacional da Indústria teve campo entre 14 e 17 de março.
As inserções publicitárias do PT foram ao ar, segundo o TSE, entre os dias 11 e 18.
Ibope e trabalho secreto para o Planalto
No dia 20 de outubro de 2013, noticiou o Estadão:
O Palácio do Planalto firmou dois contratos avaliados em R$ 6,4 milhões para realizar pesquisas de opinião pública que se estenderão até as vésperas da campanha eleitoral de 2014.
Celebrados com o Ibope Inteligência e Virtú Análise na sequência das manifestações de junho, os contratos, que preveem sigilo indefinido dos temas, perguntas e resultados das pesquisas, são os primeiros dessa natureza celebrados pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) na gestão Dilma Rousseff após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Em sua cláusula segunda, inciso 10, os contratos dizem que os institutos de pesquisa deverão manter “irrestrito e total sigilo” sobre os “assuntos de interesse” do governo.
O Estado solicitou o conteúdo das pesquisas já realizadas com base na Lei de Acesso. A Secom, no entanto, rejeitou o pedido. O sigilo contraria entendimento do próprio órgão federal responsável pela transparência, a Controladoria-Geral da União (CGU).
(…)
O Ibope Inteligência ficou responsável pelas pesquisas quantitativas e telefônicas, ao valor de R$ 4,6 milhões.
O Virtú Análise, contratada por R$ 1,8 milhão, cuida das pesquisas qualitativas.
Em ambos os casos, o período das pesquisas se encerra a poucos dias do início da campanha eleitoral de 2014.
O contrato da Virtú Análise foi fechado no dia 1 de julho deste ano e se encerra em 1 de julho de 2014.
O do Ibope foi firmado em 27 de junho e também terminam um ano depois. A campanha eleitoral começa no dia 6 de julho de 2014.
O presidente da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, afirma que o modelo adotado pela Secom pode ser aproveitado para fins eleitorais.
“São contratos que parecem ser muito vulneráveis. O formato abre possibilidade de que pesquisas realizadas às vésperas da eleição possam ser utilizadas durante a campanha.
Além disso, a data do término do contrato, em junho de 2014, é muito conveniente para que as informações adentrem a campanha com exclusividade para apenas uma candidatura”, diz.