O nome da baderna é Dilma 23/05/2014
- Reinaldo Azevedo - Folha de S.Paulo
O PT é um partido da ordem. Ocupa postos-chave na administração que lhe conferem a responsabilidade de manter em funcionamento a sociedade do contrato.
Ocorre que esse partido tem a ambição de ser também o monopolista da desordem e, por isso, conserva no Planalto um ministro como Gilberto Carvalho.
O secretário-geral da Presidência é o encarregado de fazer a tal "interlocução" com os ditos "movimentos sociais".
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Segundo, por exemplo, a ótica perturbada dos coxinhas vermelhos do PSOL e assemelhados -- os revolucionários do Toddynho com Sucrilhos --, os petistas fariam, na verdade, um trabalho de cooptação das massas, apropriando-se de sua energia revolucionária e sacrificando-a no altar do capital.
É só tolice barulhenta, mas alguns empresários de cabeça oca e bolso cheio de grana do BNDES concordam, a seu modo, com a tese e saúdam o petismo por supostamente conter o povo.
Até parece que trabalhador, deixado à sua própria sorte, escolhe Karl Marx em vez de TV LED.
Quem está certo?
Os Robespierres de si mesmos ou os oportunistas do subsídio?
Ninguém!
Os petistas nem sugam a energia revolucionária do povo (isso não existe!) nem a ordenam.
Hoje e desde sempre, instrumentalizam insatisfações em favor do fortalecimento do aparelho partidário, que cobra da sociedade uma espécie de taxa de proteção.
A prática é mafiosa: "Votem em nós, ou não tem mais Bolsa Família". "Votem em nós, ou não tem mais Bolsa BNDES."
Adiante.
Não vou aqui apelar ao nascimento das musas para identificar a gênese das jornadas de junho de 2013, mas a história isenta ainda contará que elas nasceram no momento em que o PT, convocado a dizer "não" à desordem e a se comportar como um partido da ordem, fez exatamente o contrário, articulando-se para que a bomba explodisse no colo de um adversário político -- no caso, o governador Geraldo Alckmin.
Os esforços do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para desestabilizar e desmoralizar a polícia de São Paulo só não mereceram uma medalha da Honra ao Mérito Petista porque ele foi incompetente e desastrado.
O tiro saiu pela culatra.
Não há grupo baderneiro com viés de esquerda que não tenha sido levado ao Palácio do Planalto para conversar.
O método consagrado para ser ouvido na República obedece à gradação dos celerados: quebrar, incendiar, invadir, bater e -- como esquecer o cinegrafista Santiago Andrade? -- matar.
A raiz do caos que viveu São Paulo na terça e na quarta desta semana não está numa disputa por poder num sindicato de motoristas.
Isso sempre existiu, com uma penca de cadáveres, diga-se.
A gênese dos métodos terroristas empregados está no Palácio do Planalto.
"Ah, a direita sempre quer resolver tudo na porrada!"
Não!
Esse é Fidel Castro. É Kim Jong-un. É Xi Jinping.
Eu acho que as demandas têm de ser resolvidas de acordo com leis democraticamente pactuadas.
E penso que só é tolerável que existam um Estado e uma burocracia cara se estes entes puderem manter as regras da civilidade para arbitrar as diferenças.
É que não tenho projeto de poder e, portanto, não preciso ser um cafetão do caos.
Na quarta-feira, Carvalho, o interlocutor oficial da desordem, concedeu uma entrevista a "blogueiros".
Disse que a imprensa é a responsável pelo "mau humor" dos brasileiros.
Acusou ainda o jornalismo de sonegar informações e de investir num "envenenamento mais ou menos generalizado".
Para ele, há uma excessiva "editorialização da opinião".
Carvalho, o stalinista disfarçado de santarrão de sacristia, acha que uma opinião não pode ser editorializada!
Entendo.
Depois ele voltou ao prédio em que despacha a presidente da República para dar continuidade à sua "interlocução" com extremistas minoritários os mais variados, que transformam a vida cotidiana dos brasileiros num inferno.
Não há escapatória: o atual nome da baderna é Dilma Rousseff.