Quando os petistas não levam alguns da cadeia para o poder, eles é que vão do poder para a cadeia 29/05/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
Não posso fazer nada! Enquanto eles não pararem de cometer ilegalidades, eu não paro de acusá-los.
Eles fazem aquilo que NÃO deveria ser o trabalho deles. E eu faço aquele que deve ser o meu trabalho.
Reportagem de Ranier Bragon, na Folha de hoje, relata a natureza da conversa que manteve a presidente Dilma Rousseff, na noite de terça-feira, com dirigentes, parlamentares e governadores do PMDB, durante jantar no Palácio do Jaburu, sede da Vice-Presidência da República.
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Sim, leitor, trata-se de um prédio público, sustentado com o nosso dinheiro. Petistas e não petistas pagam as contas do Jaburu. Eleitores e não eleitores de Dilma arcam com os custos.
Dilma deixou claro, por exemplo, para que serve a candidatura do peemedebista Paulo Sakaf em São Paulo:
“Temos duas candidaturas, uma que é a do ex-ministro [Alexandre] Padilha [PT], e o Skaf. Acredito que é essa a fórmula do segundo turno (…). Quero enfatizar esse fato, a gente não pode ser ingênuo e não perceber o que significa uma derrota dos tucanos em São Paulo, sendo bem clara”.
Convenham! Ela estava sendo claríssima. E praticando ilegalidades também!
Estava usando dinheiro público -- a estrutura do Jaburu -- para convocar seus aliados para uma guerra contra um governador da oposição.
Dilma também fez afagos a peemedebistas. Elogiou, por exemplo, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão:
“Em poucos lugares do Brasil construímos uma parceria tão fluida”.
Pois é… Ocorre que o senador Lindbergh Farias, do PT, elegeu a gestão peemedebista do Estado como seu principal alvo.
Tanto é assim que parte do PMDB vai fazer campanha para o tucano Aécio Neves, no chamado voto “Aezão”.
Mas nada fala tanto sobre o PT de hoje em dia como a declaração de apreço que Dilma fez pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA):
“Tenho um grande respeito pelo Jader Barbalho. Acredito hoje que o Jader tem muita sorte, tem um filho que pode continuar a caminhada dele”.
Ela estava se referindo à candidatura de Helder Barbalho ao governo do Pará.
Em 2002, Jader chegou a ser preso pela Polícia Federal, junto com outras dez pessoas, todas acusadas de envolvimento no escândalo da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
No dia 4 de outubro do ano anterior, tinha renunciado ao mandato de senador, não resistindo a uma chuva de acusações, como desvio de recursos do Banpará e emissão fraudulenta de Títulos da Dívida Agrária.
Mas sabem como é… Dilma é dona do seu respeito.
Maluf
Nesta quarta, a presidente participou de um evento comemorando os dez anos do programa “Brasil Sorridente”.
O ato se deu lá em São Bernardo. O atual ministro da Saúde, Artur Chioro, estava presente.
Ocorre que o ex também estava: Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.
Mais uma vez, o dinheiro público financiava a festa e era posto a serviço de um candidato.
Indagado sobre a sua aliança com Maluf, em São Paulo, e se tiraria uma foto ao lado do deputado, Padilha afirmou:
“Vai ter uma foto muito bonita com o PP e quem deve estar triste são aqueles que queriam o PP junto”.
Além de certos hábitos, Maluf tem em comum com Jader o fato de também ter sido preso pela Polícia Federal em 2005.
O PT é mesmo um portento: quando não contribui para levar as pessoas da cadeia para o poder, seus homens fortes acabam indo do poder para a cadeia.
Desse jeito, o Planalto ainda acaba não se diferenciando da Papuda.