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Críticas Construtivas Se todo governante quer, por quê não?!!!

O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Mal na foto do comércio
02/06/2014 - O Estado de S.Paulo

Os males econômicos do Brasil vêm de fora, tem repetido o governo quando tem de explicar o baixo crescimento da atividade, a erosão do comércio externo e a piora do balanço de pagamentos.

Só gente pouco informada leva a sério essa ladainha, mas a presidente Dilma Rousseff e seus ministros acabam de receber uma ajuda inesperada para sustentar sua retórica.

No primeiro trimestre, as exportações de mercadorias dos sete maiores países capitalistas (G-7) e dos cinco integrantes do Brics foram 2,7% menores que nos três meses finais do ano passado, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


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A maior queda, de 7,3%, foi a das vendas da China, a segunda maior economia do mundo.

Nessa lista, o Brasil aparece em segundo lugar, com uma redução de 5,7%. Um exemplo para o mundo?

No terceiro posto ficou o Reino Unido, com receita comercial 4,3% inferior ao quarto trimestre de 2013.

As autoridades brasileiras podem ter recebido um reforço para sua tese, mas a ajuda, como se vê, tem efeito limitado.

A China continua com um gigantesco superávit comercial, de US$ 38,5 bilhões entre janeiro e março, de acordo com o relatório, e as mudanças em seu quadro econômico são em boa parte atribuíveis a um importante esforço de ajuste. Nada parecido ocorre no Brasil.

De acordo com a OCDE, as exportações de todos os Brics -- Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- diminuíram entre os últimos três meses do ano passado e os primeiros de 2014.

Nesse grupo, só as vendas chinesas caíram mais que as brasileiras. Todos os membros do G-7 -- Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Japão -- apresentaram resultados melhores que os do Brasil nessa comparação.

Além disso, no primeiro trimestre as exportações foram maiores que no último de 2013 em dois desses países: Alemanha (2,1%) e Itália (1,5%).

O fraco desempenho comercial do Brasil é evidenciado também por outras comparações.

Quando o confronto é entre os números dos primeiros trimestres de 2013 e 2014, mais uma vez o Brasil parece ficar em boa posição.

Mas essa impressão dura pouco. Entre janeiro e março deste ano, as exportações brasileiras foram 1,7% menores que as de um ano antes.

Outros componentes do Brics apresentaram quedas maiores: China (3,4%), Índia (4,9%) e África do Sul (5,7%). No caso da Rússia, a queda foi de 1,6%.

Mas o Brasil fica em posição muito pior quando se comparam os saldos comerciais dos dois períodos.

O déficit comercial brasileiro passou de US$ 4 bilhões no primeiro trimestre do ano passado para US$ 4,6 bilhões no primeiro deste ano. O déficit sul-africano, apenas se repetiu (US$ 1,9 bilhão).

A Índia continuou no vermelho, mas o saldo negativo passou de US$ 47,8 bilhões nos primeiros três meses de 2013 para US$ 29,5 bilhões no trimestre inicial de 2014. Foi uma considerável melhora.

A Rússia continuou superavitária e conseguiu melhorar seu resultado, de US$ 44 bilhões para US$ 44,9 bilhões.

O superávit chinês diminuiu de US$ 64,1 bilhões para US$ 38,5 bilhões, mas o resultado continuou muito melhor que o brasileiro.

Resumindo: a economia global permanece com problemas, apesar dos sinais de recuperação, mas outros países continuam exibindo desempenho comercial muito melhor que o do Brasil.

Atribuir a estagnação econômica do País e a piora de suas contas externas ao quadro internacional é um evidente esforço de embromação.

O Brasil vai mal por causa dos erros do governo e de sua insistência em políticas mal concebidas.

Alguns problemas são realmente importados, mas a incompetência das autoridades é um produto indiscutivelmente nacional.

Pelas contas de Brasília, o déficit comercial no primeiro trimestre chegou a US$ 6,1 bilhões e foi 17,8% maior que o de janeiro a março de 2013.

Os números da OCDE foram elaborados com base em ajustes sazonais e isso explica a diferença.

Quando se somam quatro trimestres, no entanto, os ajustes se compensam e o resultado final tende a coincidir com os dados oficiais brasileiros ou a ficar muito próximos.


  

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