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O OUTRO LADO DA NOTÍCIA

Dilma cai e vai a 34%; diferença para Aécio no 2º turno é de apenas 8 pontos — era de 27 há quatro meses; petista é a mais rejeitada.
06/06/2014 - Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com

A Folha de São Paulo publica nesta sexta pesquisa Datafolha sobre intenção de voto para presidente da República.

Fica difícil escolher que número é o pior para a presidente Dilma Rousseff (PT), mas, parece-me, como vocês verão, que o mais dramático nem está no mais óbvio.

Já chego lá.


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Vamos ao que é mais vistoso: em relação à pesquisa anterior do instituto, de 7 e 8 de maio, Dilma caiu três pontos: de 37% para 34%; o tucano Aécio Neves oscilou de 20% para 19%, e Eduardo Campos caiu de 11% para 7% -- o que é também um péssimo resultado.

Alguém poderia dizer que a boa notícia para Dilma é que, há um mês, os dois principais candidatos de oposição, somados, tinham 31 pontos e, agora, têm 26.

Mas eu lhes proponho uma outra leitura: em fevereiro, Dilma tinha 44% das intenções de voto, e Aécio e Campos somavam 25 -- uma diferença de 19 pontos.

Quatro meses depois, eles têm 26, mas Dilma está com 34 -- uma diferença de 8 pontos.

Os dois candidatos de oposição, é verdade, avançaram pouco, mas a presidente despencou.

Segundo turno

A outra má notícia para Dilma, péssima mesmo, está nos números do segundo turno.

Há quatro meses, ela venceria Aécio por 54% a 27%, o dobro dos votos. Nesta pesquisa Datafolha, a presidente aparece com 46%, e o tucano, com 38% -- a diferença diminuiu espantosos 19 pontos e é, agora, de apenas 8. Ele avançou 11, e ela caiu 8.

Pessimismo

Cresceu o pessimismo com a economia, informa a pesquisa. Apenas 26% dizem que a situação econômica do país vai melhorar. Para 36%, vai piorar, e 32% dizem que ficará na mesma.

Nada menos de 64% acham que a inflação vai aumentar, e só 7% acreditam na queda; outros 21% avaliam que ficará como está.

Se 18% anteveem que o desemprego vai cair, 48% pensam que vai subir, e só 28% creem na estabilidade dos números.

Rejeição

Outra notícia ruim. Caiu a rejeição a Aécio e Campos em relação à pesquisa anterior: o tucano tinha 31%, e o peessebista, 33%. Ambos aparecem agora com 29%. Dilma se manteve nos 35% e é agora a candidata mais rejeitada.

A colheita de números negativos ainda não terminou.

Em fevereiro, 21% achavam o governo Dilma ruim ou péssimo; agora, são 28%; os que o consideram ótimo ou bom caíram de 37% para 33%, e os que o veem como regular passaram de 41% para 38%.

Mudança

Entendo, no entanto, que o pior número para Dilma é aquele ao qual a imprensa tenderá a dar menos visibilidade.

Nada menos de 74% dos que responderam a pesquisa esperam que as ações do próximo governo sejam diferentes das que aí estão, e só 21% querem mais do mesmo.

Quando indagados sobre quem poderia, então, operar essas mudanças, o nome mais lembrado ainda é o de Lula, com 35%, mas quem aparece em seguida, com 21%, é o tucano Aécio Neves.

Dilma está apenas em terceiro, com 16%. Vale dizer: as pessoas querem outro rumo para o país e não acham que a atual presidente seja capaz de liderar a transformação.

Alguma boa notícia pra ela?

Umazinha.

Dizem que votariam num candidato apoiado por Lula 36% dos que responderam a pesquisa, mesmo índice dos que o rejeitariam por isso -- e 24% afirmam que poderiam votar.

Não endossariam um nome com apoio de FHC 57% dos entrevistados, contra 12% que fariam essa escolha -- 24% poderiam votar.

Na pesquisa, o segundo eleitor mais influente é Joaquim Barbosa: 26% escolheriam um nome que contasse com o seu apoio, mesmo índice dos que considerariam essa possibilidade. Mas 36% rejeitariam um postulante que ele indicasse.

Que conclusões tirar dessa pesquisa?

Muito objetivamente, vamos lá:

1: Dilma não vence mais no primeiro turno. Ela teria hoje 34% dos votos, e seus adversários, considerados os demais nomes, somam 35%.

2: A diferença no segundo turno se estreita dramaticamente.

3: O eleitorado quer mudanças, e Dilma não é vista como a pessoa capaz de operá-las.

Esta sexta-feira será tensa no PT, e as viúvas de Lula voltarão a se assanhar.


  

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