Planalto está pessimista com Padilha 09/06/2014
- Blog de Reinaldo Azevedo - Veja.com
O Palácio do Planalto está pessimista com o desempenho de Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo.
Na mais recente pesquisa Datafolha, ele aparece com 3% ou 4% das intenções de voto, a depender do cenário.
É certo que ainda vai crescer. A questão é saber se dá para ganhar, coisa na qual os petistas não estão acreditando muito.
PUBLICIDADE
Não custa lembrar que o ex-ministro da Saúde é o pré-candidato por vontade e determinação de Lula.
Depois da eleição de Fernando Haddad como prefeito, o chefão petista ficou um pouco mais arrogante do que já era e acha que, de fato, elege quem quiser.
A Folha desta segunda traz uma reportagem a respeito do desconsolo do Planalto. E há lá o registro de uma fala de um petista que dá o que pensar.
Já chego a ela. Antes, algumas outras considerações.
O PT apostava suas fichas em Padilha e achava que ele tinha uma imagem pública que poderia rivalizar com a do governador Geraldo Alckmin, do PSDB: ambos são médicos, têm origem na classe média e são vistos como homens moderados e de fala mansa etc.
Ocorre que a receita do petismo desandou.
A gestão Padilha no Ministério da Saúde foi varrida pelo furacão Alberto Youssef.
Por mais que o pré-candidato queira negar, a sua gestão aparece perigosamente perto de algumas lambanças feitas pelo doleiro.
Foi sob as bênçãos de Padilha que o Labogen, um laboratório de fachada que servia para a lavagem de dinheiro, celebrou um acordo para a produção de medicamentos.
O então ministro serviu de testemunha.
Isso é fato, não boato.
A imagem do partido no Estado também está arranhada pelo deputado estadual Luiz Moura, um queridinho da cúpula paulista do PT -- afiliado político de Jilmar Tatto, secretário de Transportes da capital -- que foi flagrado numa reunião a que compareceram membros do PCC na qual se tramavam novos ataques a ônibus.
Neste fim de semana, ficamos sabendo que um sujeito chamado Herivaldo Santos foi nomeado como assessor da Diretoria de Marketing da SPTrans, a empresa pública que gerencia o serviço de transportes coletivos em São Paulo.
Muito bem!
E quem é esse Herivaldo?
Trata-se de um ex-assessor e amigo do vereador Senival Moura, também petista, irmão de Luiz Moura e igualmente ligado às polêmicas cooperativas de perueiros.
Até aí, tudo bem!
Ocorre que o rapaz é réu num processo por receptação de carga roubada.
Nada nisso, em suma, contribui para a reputação do PT, não é?
Sempre lembrando que estamos falando de fatos, não de boatos.
No começo do artigo, referi-me a uma fala intrigante de um petista.
À reportagem da Folha, ele diz que esses acontecimentos acabam pesando contra o PT porque os paulistas são “moralmente conservadores”.
Ah, entendi agora por que o petismo anda enrolado com Alberto Youssef e com o deputado que foi a uma reunião com membros do PCC: é que essa turma é moralmente “progressista”, né?
Ser moralmente progressista, agora, é ser amigo de Luiz Moura, de Alberto Youssef e, parece, comparecer a encontros com membros do PCC.
Mas lembro que o PT ainda pode ter esperanças, não é?
Afinal, Padilha é agora um aliado de Paulo Maluf, já posou para fotografias a seu lado e o chama de “Dr. Paulo”.
Como a gente vê, os petistas contam com Maluf para conseguir a sua recuperação moral.